Passadas as férias, Adriana Esteves chega a 2018 a todo vapor. Mas, por causa da agenda, ela vai ter de ficar de fora da première de Benzinho, longa que vai abrir o Festival de Sundance, nos Estados Unidos, no dia 18.
“Vou acompanhar tudo pelo WhatsApp. Não consegui folga das gravações”, diz a atriz, que, tanto no filme quanto na nova série que grava, Assédio, vive personagens vítimas de violência.
“É fundamental falar disso. O momento agora é de união, sinto que o grito já poderia ter sido dado.” Cheia de gás, ela já emenda os novos trabalhos na próxima novela de João Emanuel Carneiro, na pele de uma nova vilã, depois da inesquecível Carminha de Avenida Brasil.
Quais os critérios para escolher seus papéis?
Preciso saber quem são as pessoas que querem trabalhar comigo, se têm histórias que me interessam. Nunca enrolo convite. Logo vejo o roteiro e já sei se quero. Minha identificação com os temas e assuntos que fazem parte dos meus pensamentos e das minhas angústias me puxam. Em Benzinho, faço uma mulher que sofre violência física e emocional. É um projeto lindo e delicado. Em Assédio, também interpreto uma das vítimas daquele ex-médico [Roger Abdelmassih].
Já sofreu algum assédio?
Eu não conheço quem nunca tenha sofrido. E não falo só de mulheres, mas de meninos. E afirmo que, sim, infelizmente, sofri. Em todo o crescimento, desde a escola até o início da vida profissional, existe isso cerceando. A gente quer se preservar, tem medo, não sabe até quando isso vai fazer parte da vida, mas os tempos estão mudando: Time’s up! O discurso da Oprah [Winfrey] no Globo de Ouro foi sensacional, resume o assunto de forma importante.
Para a nova vilã na TV, vai se distanciar da Carminha?
Não. Nos braços do João, estou voltando para casa. É a Carminha de volta, mas com outro nome, na pele de outra mulher. Foi uma potência tão grande, que não consegui criar distanciamento dela. Ainda ouço na rua: “Oi! É a Carminha?”. Respondo: “Sou eu, sim” [risos]. É preciso ter humor na vida. Eu começo a gravar no dia 9. Vou trabalhar com uma atriz por quem sinto muito carinho, a Deborah Secco. E a trama se passa na Bahia, minha segunda casa. Fiz muitos amigos lá por causa de Vlad (o ator Vladimir Brichta, seu marido).
Como concilia a carreira com a família?
Sou uma mãe completamente apaixonada pela cria, um pouco controladora demais, mas eu tento me dosar, para esse controle não ser nocivo a eles. E mesmo com tanto trabalho, arrumo tempo, faço mágica, para estar presente e perto deles. Agnes está fazendo psicologia e Felipe também está na faculdade cursando Direito. Só Vicente, que é nosso bebê, tem 11 anos e está na escola. Primo pela educação deles, a formação do indivíduo mesmo.
Está otimista com o ano eleitoral?
Vejo o Brasil sempre com esperança. Ainda bem que já chegamos a 2018, porque agora vamos ter, enfim, definições. É hora de correr atrás de amadurecimento. Que a gente consiga, por tudo que está passando de ruim, atingir essa maturidade na hora de votar. Já está havendo a limpeza.
Fonte: http://epoca.globo.com/sociedade/bruno-astuto/noticia/2018/01/afirmo-que-sim-sofri-assedio-diz-adriana-esteves.html