Interpretar Mariana, a jovem disputada por pai e filho —José Inocêncio (Antonio Fagundes) e João Pedro (Marcos Palmeira)— na novela “Renascer” (Globo, 1993), não foi um trabalho fácil para Adriana Esteves, que tinha 22 anos e despontava na emissora como a “nova namoradinha do Brasil” —título que antes pertencia a Regina Duarte.
Alvo de muitas críticas por sua atuação na trama de Benedito Ruy Barbosa, a atriz teve depressão e se afastou da TV por dois anos. Hoje, 28 anos depois, com uma carreira consolidada e cheia de sucessos —como Carminha, de “Avenida Brasil” (2012), Thelma, de “Amor de Mãe” (2020-2021), e Catarina, de “O Cravo e a Rosa” (2000)— a atriz fala com orgulho da sua participação em “Renascer”, mesmo admitindo que Mariana foi uma “personagem dificílima”.
De fato, a jovem tinha um caráter dúbio, o que causou estranheza com o público. Ela estava longe da mocinha tradicional, mas também não chegava a ser uma vilã. Neta de Belarmino (José Wilker), Mariana se aproxima de José Inocêncio com o intuito de se vingar da morte do avô. Ela, porém, se apaixona pelo fazendeiro, o que piora a relação já deteriorada do pai com o caçula, João Pedro, que também gosta dela.
“Tive que me dedicar muito para dar conta do enorme desafio. Mas acho que consegui. Aprendi muito com esse trabalho”, diz. “‘Renascer’ é uma das novelas mais lindas que já vi. É uma honra imensa ter sido tão jovem protagonista dela”, completa. A história poderá ser revista a partir de segunda (11), quando entra no catálogo do Globoplay.
Assim que acabou a trama, Adriana foi para o teatro. Ela fez uma turnê com a peça “A Falecida”, de Nelson Rodrigues, ao lado de Gabriel Villela, Maria Padilha e Marcelo Escorel. “Posso dizer que o que me fez querer me jogar nessa aventura teatral foi a necessidade de vida na arte”, afirmou.
Em entrevista à Marie Claire em 2007, Adriana já tinha dito que a sua crise e o consequente afastamento da TV tiveram pouco a ver com a sua carreira e as críticas pesadas que sofreu na época de “Renascer”. “Sabe, eu já tive problemas na vida antes e eles nada tiveram a ver com a profissão. Então eu acho que, mesmo se tivesse sido médica, teria passado por uma crise”, afirmou na ocasião.
Em 2016, para a mesma revista, ela disse acreditar que, assim como ela, algumas pessoas têm maior propensão à depressão. Afirmou também que tinha acabado de se separar do primeiro marido e que vinha emendando uma novela atrás da outra, com personagens grandes. “Tinha pouca maturidade. Fiquei perdida, não segurei a onda.”
Hoje, ao relembrar “Renascer”, Adriana destaca recordações positivas como o encontro que teve com Marco Ricca, com quem ficou casada por 10 anos e teve o seu primeiro filho, Felipe —na trama, o ator fez o papel de José Augusto, primogênito de José Inocêncio.
Adriana salienta também a parceria com Marcos Palmeira e ter feito “amizades tão sólidas” como com Tarcísio Filho, que fez José Bento, segundo filho do patriarca. “Foi uma novela altamente poética, e minha personagem foi riquíssima para mim”, acrescenta.
Ela destacou ainda a importância de ter sido dirigida por Luiz Fernando Carvalho, com quem já tinha trabalhado no ano anterior em “Pedra sobre Pedra”. “Ele me ensinou a procurar um olhar aprofundado, despertou em mim a paixão por criar as minhas personagens.”
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