A tranquilidade de Adriana Esteves em nada lembra a tensão de Thelma, que na reta final de Amor de Mãe tem cometido atrocidades para proteger o grande segredo da trama: a real identidade de Danilo (Chay Suede). Se depois de Carminha da novela Avenida Brasil (2012), parecia improvável que a atriz emplacasse outra personagem à altura, ela mostra que repetiu o feito em grande estilo. O segredo? Ser avessa aos conflitos das mulheres que interpreta.
“Tenho uma vida fora do trabalho que me preenche muito. O equilíbrio que busco em minha vida talvez seja o que me permita criar tanto desequilíbrio em minhas personagens”, diz a atriz. “Durante o tempo de paralisação a Thelma ficou guardada dentro de mim. Voltar a gravar e conseguir finalizar a novela acabou sendo uma vitória pra todos nós envolvidos”, conta.
Em bate-papo com Marie Claire, Adriana confessa que não reassiste seus trabalhos antigos, mas não descarta voltar a interpretar alguma de suas personagens mais emblemáticas se surgisse oportunidade. Para quem está com saudade de vê-la em papéis cômicos, a atriz traz novidades. “Eu e Regina Casé temos planos de fazer uma comédia juntas. Quero muito!”.
MARIE CLAIRE: ‘Amor de Mãe’ ainda não acabou, mas a Thelma já está entre suas grandes personagens. O que uma personagem precisa ter para dar tão certo? Essa repercussão é sempre uma surpresa?
ADRIANA ESTEVES: A repercussão de uma novela e de um trabalho é sempre uma enorme surpresa. Thelma foi uma dessas surpresas para mim. Vários fatores fazem uma personagem funcionar em uma trama. O início sempre é a autoria, e Thelma foi escrita de forma muito profunda por Manuela Dias. O olhar da direção também é muito importante. E, sem a menor dúvida, as parcerias entre os atores são fundamentais.
MC: O que as pessoas gostam em personagens como a Thelma?
AE: Sinto que as pessoas gostam de ver personagens que fogem de uma “normalidade”, que nos levam para um lado lúdico. Acho que assim conseguimos fantasiar um pouco a vida.
MC: Você ter empatia pela Thelma para interpretá-la é um exercício de empatia para a vida real?
AE: Criar uma personagem exige que em algum lugar se tenha que exercitar empatia por vidas, sentimentos que não necessariamente temos dentro da gente. Thelma fez com que eu tivesse que estudar muito sobre isso.
MC: Como foi “reencontrar” a Thelma depois dos meses de paralisação das gravações?
AE: Durante o tempo de paralisação ela ficou guardada dentro de mim. Voltar a gravar e conseguir finalizar a novela acabou sendo uma vitória pra todos nós envolvidos.
MC: Tem vontade de interpretar outra vez algum personagem que já fez? A Carminha em uma continuação de Avenida Brasil, talvez?
AE: Talvez eu nunca tenha me deparado com essa possibilidade. Se isso algum dia acontecer, uma segunda fase de uma série, uma continuação de uma novela, ou até mesmo de um filme, será um momento inédito em minha trajetória. Serão outros desafios. Quem sabe até muito interessantes…
MC: A Thelma tem emoções bastante intensas. Você consegue se desconectar da personagem com facilidade depois de um dia gravando?
AE: Felizmente, sim. Tenho uma vida fora do trabalho que me preenche muito. Inclusive o equilíbrio que busco em minha vida talvez seja o que me permita criar tanto desequilíbrio em minhas personagens (risos).
MC: A pandemia foi incorporada à história de Amor de Mãe, deixando a novela ainda mais realista e contemporânea. Qual é a importância de retratar na ficção a nossa realidade?
AE: Uma forte característica de Amor de Mãe sempre foi seu realismo. Ela desde o início tinha por princípio revelar questões de nossa sociedade. Quando nos deparamos com essa tragédia em nossas vidas, a pandemia, claro que Manuela iria trazê-la para nossa discussão. Ela trouxe para a ficção esta dura realidade. Teve fidelidade ao modelo de novela que ela criou.
MC: Você gosta de se assistir? Rever personagens antigos?
AE: Para falar a verdade, nunca reassisto um trabalho antigo. Se isso por acaso acontecesse, tenho um olhar de carinho por essa trajetória.
MC: Toma Lá Dá Cá voltou a ser reprisado recentemente. Você tem vontade de voltar a fazer comédia?
AE: Tenho muita vontade! Inclusive eu e Regina Casé temos planos de fazer uma comédia juntas. Quero muito!
MC: A pandemia tem te trazido algum aprendizado? Como você tem mantido o equilíbrio em um momento tão complicado?
AE: Nossa… Os aprendizados são tantos. Difícil até falar, mas eles estão gritando e reverberando em mim. Procurar o equilíbrio em meio a tanta tristeza, diferenças, é um objetivo constante. Mas sinto que estou me fortalecendo, crescendo e conseguindo.
Sergio Zalis/ Globo
Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com/Cultura/noticia/2021/03/adriana-esteves-equilibrio-na-vida-me-permite-o-desequilibrio-nas-personagens.html