Uma das atrizes mais queridas do país, ela diz que mudança em novela é normal e pede cuidado com agressividade na web
— Quando o Jorge me convidou e disse que seria para dali a pelo menos um ano, achei perfeito. Daria tempo de tirar férias e depois fazer cinema, uma coisa que eu queria muito, além de trabalhar com ele e com o Vlad. Eu estava fisicamente exausta. Havia emendado alguns trabalhos em três anos seguidos. E, em “Avenida Brasil”, eu trabalhei muito, dormia poucas horas por dia. Não era só cansaço físico, estava difícil pensar em criar alguma coisa.
O cinema seria, então, um alívio para o ritmo frenético das novelas. Terminado o período sabático, no fim de 2013, a atriz emendou duas filmagens: de “Real beleza”, em que interpreta Anita, e “Mundo cão”, novo longa de Marcos Jorge (de “Estômago”), com previsão de estreia no fim do ano, no qual vive Dilza, mulher de um laçador da carrocinha. Além de ter atuado na minissérie “Felizes para sempre?”, que foi ar no início deste ano, com texto de Euclydes Marinho e direção geral de Fernando Meirelles.
— Foram praticamente três filmes, porque o esquema da minissérie foi quase cinema. Todo feito em locação, em São Paulo e Brasília. Minissérie pequenininha, em oito capítulos…
A Anita de “Real beleza”, no entanto, guardava desafios. Entre eles, contracenar com o marido numa situação em que os personagens se descobrem. Para manter a surpresa, cada um estudava o roteiro separadamente e repassava as falas sozinho. Furtado não interferiu.
— O Jorge apresentou o roteiro e nos convidou para ir ao Rio Grande do Sul fazer leituras. Ouviu o que a gente achava na nossa experiência de contar uma história, de contar um draminha. Ele foi ouvindo e acrescentando coisas, tanto na hora de ler quanto na de filmar.
— É impressionante como ela mergulha no papel e pergunta a razão de tudo — diz o diretor. — Por que esse copo está aqui, por que ela o pega? Eu estava precisando dessa seriedade.
Outro grande desafio foi a cena em que Adriana protagoniza o nu frontal, sem qualquer recurso para encobrir, mesmo que parcialmente, o corpo. Sem nunca ter posado nua para revistas masculinas, ela conta que hoje, aos 45 anos, acha a nudez até necessária em algumas situações dramáticas. Na cena, ela e Brichta estão em um lago, no que seria um dia de verão, quando…
‘Não tenho mais problema com cena de nudez.
É uma entrega igual, apresentando emoção,
o que tem de mais dramático em alguns trabalhos’– Adriana Esteves
Sobre cena de ‘Real beleza
— Eu queria até mais, embarquei mesmo — conta Adriana. — Não tenho mais problema com cena de nudez. É uma entrega igual, apresentando emoção, o que tem de mais dramático em alguns trabalhos. Tivemos um probleminha porque aquele dia foi o dia mais frio da filmagem, e não poderíamos repetir a diária em razão de um equipamento que só poderíamos usar uma vez. Muito elegante que o Jorge é, porque parecia que a gente estava entrando no gelo, ele quis nos preservar. Se aquela cena tivesse sido filmada numa temperatura mais agradável, num outro dia, talvez eu pudesse propor voos ou nados maiores. Mas não deu.
Em dezembro, ela volta aos cinemas em “Mundo cão”, na pele da mulher de um funcionário do Departamento de Combate às Zoonoses (Babu Santana), que recolhe cachorros abandonados e tem sua vida revirada por causa de um mal-entendido com o dono de um desses cães, vivido por Lázaro Ramos.
Entre um filme e outro, Adriana segue no ar como a vilã Inês, da novela “Babilônia”. E minimiza as dificuldades impostas pela rejeição de parte do público e pelas mudanças de rumo que o folhetim sofreu desde que estreou, no início do ano. Atriz há 26 anos (embora tenha feito uma ponta em “Vale tudo”, de 1988, seu primeiro papel para valer foi na novela “Top model”, em 1989), ela diz que mudanças são normais em novelas e que nem sempre se pode esperar um sucesso avassalador delas. O momento pelo qual o país está passando, incluindo aí o papel das redes sociais, contribui, segundo ela, para que fique mais fácil fazer correções de rota.
— O que está acontecendo hoje é a constatação da delícia que é amadurecer — afirma. — É preciso usar essa sabedoria e estar aberto para o novo, preparado para o fato de que nem tudo pode dar tão certo. Artisticamente, a novela poderia até ter dado. Mas aí veio um momento do país em que as pessoas estão diferentes também. E está todo mundo dando opinião. Não acho que essas opiniões sejam necessariamente ruins, uma novela é uma obra aberta. Não é surpresa para a gente, que faz novela há tantos anos, saber que ela pode mudar. Que pode não agradar tanto e ser transformada.
“É RUIM LEVAR (OPINIÃO) A FERRO E FOGO”
Adriana menciona a invasão dos seriados e sua influência também nas novelas, mas acha que os folhetins não sairão de cena tão cedo:
— “Avenida Brasil” veio para ser uma surpresa. Algumas novelas não estavam dando tão certo, mas ela foi um sucesso maior do que “Escrava Isaura”… Foi vendida para 130 países, e em todos, alguns de culturas muito diferentes da nossa, foi um sucesso. Acho que falta muito tempo para o fim das novelas.
Sobre a explosão de comentários nas redes sociais, Adriana pondera:
— Dar muita opinião é bom. O ruim é levar isso a ferro e fogo. É preciso ter cuidado com esse tipo de opinião. Algumas se transformam em ações castradoras, grosseiras e deselegantes. E é claro que isso não me agrada, não acho nada bom.
FONTE:
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