Uma das atrizes mais prestigiadas de sua geração, Adriana Esteves está brilhando mais uma vez na TV como Laureta, em Segundo Sol. A partir desta quinta-feira, 21/6, no entanto, o público também poderá vê-la no cinema, em um papel bem diferente da promoter baiana sem escrúpulos que vem agitando a trama da novela das 9. Em ‘Canastra Suja’ ela vive Maria, a mãe de uma família de classe média baixa que parece estar a ponto de desmoronar. “O filme trata de uma família disfuncional, com várias questões bem difíceis do ser humano”, conta.
“‘Canastra Suja’ foi feito como se você estivesse olhando no buraquinho da fechadura e conseguisse enxergar o lado mais cru, mais verdadeiro, mais íntimo de cada um”
A atriz conta que já admirava Caio Sóh, diretor e roteirista do longa, há bastante tempo. “Conheço o Caio há muitos anos e acompanho seu trabalho. Vi um filme lindíssimo dele chamado ‘Teus Olhos Meus’, com o Emilio Dantas, e fiquei muito impactada. Nasceu aí essa vontade de trabalhar com ele”, lembra.
Quando o convite veio de fato, foi irrecusável. Adriana estava terminando um trabalho e, em seguida, tiraria férias, mas quando recebeu o roteiro de ‘Canastra Suja’ logo mudou de planos. “Minha empresária avisou ao Caio que eu estava muito cansada, mas quando soube que tinha um roteiro dele, na hora pedi para ler”, recorda a atriz, que completa: “No mesmo dia, na mesma hora, telefonei para ele e falei: ‘Quero fazer esse filme. A gente se joga nele e eu deixo as minhas férias para depois'”, conta.
“Foi um prazer enorme, artístico e profissional, me juntar a ele. Acho o Caio Sóh realmente um grande artista”
Durante as filmagens, que aconteceram no segundo semestre de 2015, Adriana também teve a oportunidade de contracenar com um velho conhecido: o ator Marco Ricca. “Ele é meu ex-marido, grande parceiro da minha vida, um ator que tenho uma enorme admiração. Acho o Marco excelente”, resume ela, que ainda exalta a qualidade dos outros atores do elenco, composto por Bianca Bin, Pedro Nercessian, David Junior e Cacá Ottoni.
A trama do longa gira em torno do drama de uma família simples que enfrenta diversos conflitos, como alcoolismo, sexualidade, prostituição, traição, homofobia e drogas. Sobre Maria, personagem que é um dos alicerces dessa família, Adriana reflete: “Eu entendo muito aquela mulher, por isso tive tanta vontade de contar a história dela. Na hora que li o roteiro e vi a personagem, pensei: ‘Isso me interessa muito’. Tenho um prazer muito grande em apresentar mulheres diferentes”.
“Acho que nós, mulheres, somos tão múltiplas e eu tenho tanta admiração pela mulher, que sinto uma alegria enorme ao contar a história de alguma outra, ainda mais com uma vida tão diferente da minha”
Para Adriana, um dos maiores prazeres de fazer cinema é experimentar a dinâmica de criação tão peculiar a esta arte. “Adoro e, quanto mais faço, mais me encanto, porque vou participando daquela grande família ali. Tenho um encantamento pela forma que se faz cinema, que é muito artesanal”, explica a atriz, que pondera: “Mas procuro também não diferenciar o que é cinema e o que é TV, porque estamos em um momento em que eles se completam muito. As séries, por exemplo, estão muito cinematográficas”.
“Acho que um trabalho soma ao outro, e não posso negar que é um prazer muito grande sair de uma novela e pegar um filme. É uma rotina de gravação muito diferente”
“São prazeres distintos, fazer novela também é maravilhoso. Ela é muito vista aqui no Brasil e tem esse trabalho quase interativo do público, que dá palpites e ajuda a direcionar para onde a trama vai”
Se no cinema Adriana está em cena com seu ex-marido, na televisão ela tem a chance de contracenar com Vladimir Brichta, com quem está casada há 12 anos. Para a atriz, esses encontros são alegrias à parte da profissão. “Independentemente de serem meu ex-marido e meu marido, são dois grandessíssimos atores. Então, mesmo que eles não tivessem feito parte da minha vida pessoal, seriam pessoas com quem eu trabalharia, porque pensamos a vida, o nosso trabalho, a nossa função, a nossa arte, de forma muito parecida. É quase como se eu esquecesse durante o processo que eles fazem tão parte da minha família, que são tão íntimos meus”, afirma.
“Eles são atores que eu persigo, tanto o Vlad quanto o Marco. Aonde os dois me convidarem para trabalhar, são pessoas que eu vou topar e vou me jogar”