Na próxima novela das nove, Adriana Esteves é a promessa de vilã sem limites na pele de Laureta, enquanto o marido, Vladimir Brichta, reina no mundo das falcatruas como o Remy, irmão sacana de Beto Falcão (Emilio Dantas). Cafetina de Salvador, circula entre políticos, artistas, empresários e bandidos, e tem tudo para ficar taco a taco com a sua Carminha, deAvenida Brasil (2012).
Ambas novelas são de autoria do gênio João Emanuel Carneiro. Na festa de Segundo Sol, na terça-feira (8), no Circo Voador, no Rio de Janeiro, Adriana falou à coluna Sinal Aberto sobre o terreno pantanoso em que pisa na pele da malandra, revela um lado maternal seu superprotetor e entrega nuances da sua personalidade.
Já deu ara sentir até onde a tua Laureta é capaz de ir?
Não. Isso só em novembro. Até novembro, tem muita coisa. Impossível saber da personagem antes de já ter estreado, antes de estar andando. Eu só consigo fazer um balanço depois que acabou.
Todo mundo faz essa comparação chatinha com a Carminha, né?
Não é chato, é um barato, é normal.
Quando tu recebeste o papel, automaticamente, pensaste na Carminha por ter sido também um presente do mesmo autor?
Vou te falar porque eu não pensei: porque eu não subestimo o João (Emanuel Carneiro). Eu acho o João um craque, um dos maiores autores. E acho que um dos maiores do mundo porque as novelas brasileiras, para mim, são as melhores do mundo. Essa novela é muita rica de personagens, igual foi Avenida Brasil. São personagens ótimos, excelentes. Eu faria todos! A mesma coisa em Avenida Brasil: até os masculinos, eu queria fazer! É sempre um desafio, sempre uma tremedeira.
Como tu definirias o perfil psicológico da Laureta?
Não consigo definir ainda porque ela está em construção. Inclusive, porque, quando eu faço as cenas, eu nunca reviso. Eu não vi nada! Vai ser uma surpresa para mim na segunda-feira (14).
Fica mais fácil ou mais difícil agora contigo e o Vladimir trabalhando na mesma novela? Porque trocam figurinhas e estão em um ritmo enlouquecido juntos, mas, ao mesmo tempo, como conciliam casa, família?
A gente está mais cúmplice ainda. Os filhos (três) e a família gostam de ver a gente cúmplice. “Olha, eles estão estudando, estão lendo…”. E, num roteiro de gravação, cada um tem o seu dia de trabalho. A regrinha é: quem mais trabalha fora menos pega as tarefas de casa. Eu acho que eu sou uma mãe muito cuidadosa. Eles sabem que eles têm uma pessoa ali que protege mesmo.
És superprotetora, bem leoa?
Eu sou bem protetora com muito prazer. Eu gosto muito do meu clã, da minha gangue. Quero preparar eles para a gente ser uma turma dentro dos princípios em que acredito.
Vês um traço teu neles?
Eu sempre tive uma paixão louca pelo Felipe (fruto do seu casamento com o ator Marco Ricca, ele canta, toca piano, toca violão e tem uma banda, Caiçara, além de fazer Direito). Aí surgiu a Agnes(sua enteada que faz Psicologia e estuda na Casa de Artes de Laranjeira), e eu pensei: “Meu Deus, como pode uma pessoa tão diferente de mim, eu amar tanto e ficar tão encantada?”. É muito arrebatador isso. Aí veio o Vicente (segundo Adriana, um exímio imitador igualzinho ao pai, Vladimir). O Felipe era tudo o que eu queria ser: tranquilo, centrado…
Mas tu passas uma serenidade.
Passo, mas eu não sei ser bem isso, não! Veio a Agnes absolutamente diferente. Aí, engravidei do Vicente, do Vlad… o garoto é igual a mim! Meu Deus, esse é igual! Igual inclusive, nas paranoias, nos probleminhas. Em tudo! Aí você ama porque é igual. Então, um, você ama porque é quem você quer ser, o outro, ama porque é o diferente, e o outro, você ama porque é igual!
Quando tu te sentiste mãe da Agnes (fruto de outro relacionamento do Vladimir)?
Acho que quando ela me chamou de “mãe” pela primeira vez e ficou meio sem graça de ter falado “mãe”. Aí ela falou: “Desculpa!”. E eu: “Não, não tem desculpa. Eu sou a mãe da casa. Pode falar mãe!”. Claro tendo o maior cuidado para deixar ela à vontade. “Pode me chamar de mãe, é meu nome!”.
Voltando à novela, como é contracenar a Deborah Secco (a Karola, com quem vai formar uma parceria nas suas armações)?
Excelente! Fora ser uma atriz que eu admiro muito, ela é extremamente amorosa. Você sair para trabalhar e saber que vai passar ao lado de uma pessoa amorosa, isso é um presente. Uma das grandes qualidades dela é ser amorosa.
Em termos de maldade, a Karola chega no minguinho da Laureta?
Chega! Karola é terrível! Enrola até a Laureta de vez em quando.
Me parece que “tua gangue”, a tua família, te revitaliza para o trabalho?
Minha família é um sonho! Não só os meus três filhos. É meu pai, minha mãe, é minha irmã com o marido dela e com os meus dois sobrinhos que são um presente da minha vida. Eu amo os meus sobrinhos como amo os meus filhos, meus amores! Sou a mãe, a madrinha, a tia dominadora! Tenho vários afilhados, sou louca pelos meus afilhados.
Mas, quando tu entras em uma novela em um papel tão intenso assim, não te sentes culpada por ficar mais ausente?
Ah, não largo! Grupos de WhatsApp, não tenho poucos de amigos. Mas tenho muitos grupos com a família, com afilhado…
Já que teus filhos têm, cada um, a sua veia artística, eles comentam sobre as tuas personagens quando te veem na TV?
Comentam, comentam do cinema também. Falam não só de mim como falam de outros, eles discutem arte. “Mãe, ‘cê’ tem que ver aquela série tal, o filme tal”. Hoje (8), o Felipe me apresentou no carro um musical nova-iorquino que eu não conhecia, viemos os dois, no caminho até o dentista, emocionados com ele botando o musical. Isso é muito gostoso quando eles vão crescendo porque é uma troca muito grande. É aquele momento que não tem velho, não tem novo, não tem idade. A gente vai trocando.
Esse espírito de maternidade parece ainda tri forte em ti. Tem chance de ainda vir mais um filho?
Não. Não tem chance nem tem vontade porque a dedicação toda que eu tenho com eles ali… a gente não deixa de ser mãe porque eles cresceram. Só vão mudando as situações. A minha mãe (Regina) reclama que eu sou muito dominadora com eles, com ela e com o meu pai que eu fico: “Já chegaram?”.
A serenidade, tu tentas manter, mas nem sempre consegues, Adriana?
A gente vai começando a ficar mais madura e vai aprendendo a ter mais calma, né?