Adriana Esteves se esforçou muito para chegar onde está. A resposta para as críticas que recebeu no início da carreira são os muitos prêmios e várias protagonistas que ela ostenta no currículo. Aos 52 anos, ela aproveita as férias da televisão para se divertir com a reprise de uma de suas personagens mais queridas: a espevitada e moderna Catarina de “O Cravo e a Rosa”. No papel, a atriz teve a oportunidade de mostrar toda sua verve cômica e se divertiu com o humor pueril do texto de Walcyr Carrasco baseado no clássico “A Megera Domada”, de Shakespeare. “Catarina era uma mulher muito segura, forte e destemida. Mas tinha medo do amor. Ela alternava entre o romantismo e a vontade de quebrar tudo. As cenas eram deliciosas”, relembra.
Natural do Rio de Janeiro, Adriana era uma jovem modelo quando participou de um concurso de atuação do “Domingão do Faustão”, em 1989, que lhe rendeu um papel pequeno na clássica “Top Model”. Sem desperdiçar oportunidades, fixou-se na emissora e se destacou em novelas como “Meu Bem, Meu Mal” e “Pedra Sobre Pedra”. Em seguida, também enfrentou uma enxurrada de críticas pela complexa Mariana de “Renascer”. Após uma breve passagem pelo SBT, retornou à Globo e ao posto de protagonista em “A Indomada”, de 1997. “Tudo o que passei me ajudou a ser a atriz que sou hoje”, analisa. Sem tempo para a estagnação, nos últimos tempos a atriz se destacou a partir de produções como “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, de 2010, na popular “Avenida Brasil”, de 2012 e, mais recentemente, na visceral série “Justiça” e na realista “Amor de Mãe”. “O mais interessante da carreira de atriz é o quão tudo pode ser surpreendente. Quando você acha que já fez de tudo, vem uma personagem e a faz buscar novas referências e seguir por outros caminhos”, destaca.
P – “O Cravo e a Rosa” foi exibida originalmente há 20 anos. Como você encara essa nova reprise da trama?
R – Com surpresa! Apesar de já ter sido reprisada outras vezes, acho que agora tem um gostinho diferente. São duas décadas de uma obra que agora tem a chance de chegar a um outro público. Tenho assistido com meus filhos, eles ainda não tinham visto e estão se divertindo bastante.
P – Você tinha acabado de ter seu primeiro filho quando foi chamada para viver a Catarina. Pensou em recusar o papel?
R – Com certeza. Mas o projeto era tão único e arrojado que acabei não tendo coragem. A novela marca a estreia do Walcyr (Carrasco, autor) e a volta do Walter Avancini (diretor) à Globo. Atrizes e atores se debatiam nos corredores da emissora para participar dessa produção (risos). Conversei com minha família e comecei a correr atrás do prejuízo.
P – Como assim?
R – Estava totalmente dedicada ao papel de mãe. Então, pedi um tempinho para me preparar para uma personagem que, pela sinopse, já sabia que iria exigir muito de mim. Catarina é do tipo que não fica parada, é uma personagem muito física, expansiva. Com a ajuda de uma nutricionista e um personal, emagreci uns 20 quilos e começamos a gravar.
P – Qual sua principal lembrança das gravações?
R – As cenas em que a Catarina quebrava tudo! Eram maravilhosas e divertidíssimas. Saia muito leve do estúdio. Além disso, sempre lembro do clima de leveza dos bastidores e da boa relação entre elenco e equipe. Minha parceria com o Eduardo (Moscovis), por exemplo, superou o encontro profissional e nos uniu para a vida. Nasceu uma grande amizade ali.
P – Esse bom clima dos bastidores foi importante na hora em que o sucesso fez a novela duplicar de tamanho?
R – Foi essencial! A novela teria 100 capítulos e passou dos 200. Essas surpresas são comuns, mas dão muito trabalho. Todo mundo teve de se adaptar ao fato de a trama ser esticada. Minha personagem ganhou outras conexões e a dinâmica do relacionamento entre ela e o Petruchio continuou muito interessante. Acabou que deu muito certo. Tenho um orgulho enorme de ter feito parte dessa produção.
Foto: Rede Globo