Festival de Sundance, a partir de hoje, terá dois brasileiros em cena.
Hoje, com sessão para os jurados, outro longa verde-e-amarelo, Benzinho, amplia a participação das ficções brasileiras no evento. E, melhor: também com enorme visibilidade. A protagonista Karine Teles esteve em Sundance por meio do premiado Que horas ela volta?, o que ajuda na divulgação da nova produção da qual ela é corroteirista. “Prêmio depende de júri, de contexto, de sorte. Fizemos Benzinho, e estamos muito felizes e orgulhosos com o resultado. Ser selecionado para a competição internacional não é pouca coisa. São 12 filmes selecionados dentre milhares”, observa o diretor Gustavo Pizzi. O filme é uma coprodução feita entre Brasil e Uruguai, e tem no elenco o grego (de nascimento) Konstantinos Sarris, na pele de um jovem que busca profissionalização no exterior.
Alternando graça e peso, sem ser exatamente drama ou comédia, Benzinho traz para o foco aspectos da adolescência de Fernando (Sarris). “Ele partirá de casa, mas, além disso, a história é contada a partir do ponto de vista da mãe (Teles, ex-mulher de Pizzi, na vida real). Como lidar com a partida prematura do filho mais velho para um outro país, distante da realidade dela, e no meio de uma avalanche de acontecimentos que alteram a vida pessoal de Irene (a mãe)”, explica o diretor. Tratando de dificuldades, Benzinho promete ser esperançoso. “Tudo se passa em Petrópolis, uma cidade serrana do Estado do Rio, nela temos uma família de classe média baixa que luta para seguir com seus objetivos com dignidade”, adianta.
O longa assinado por Gustavo Pizzi passa ao largo da capital do Rio de Janeiro. “Acho que ele retrata a vida da maior parte dos brasileiros: não é exatamente pobre nem rica, vive não exatamente no centro onde tudo acontece, mas muito próximo disso. A presença da “capital”, do centro cultural e econômico na vida de quem não faz parte dele é sempre muito influenciadora”, comenta Pizzi. Impactante também é a representação do Brasil, em cinema, pelo que opina. “A partir dos filmes inseridos no mercado internacional, a maneira com que o Brasil tem sido visto lá fora tem mudado. Temos conseguido uma presença massiva nos principais festivais de cinema do mundo e entrada importante nos circuitos comerciais mais fortes do planeta”, reforça.
Nos bastidores, um trabalho em família literalmente respaldou Benzinho: Pizzi filmou com os próprios filhos (gêmeos) e com a ex-mulher. “Foi uma experiência e tanto ter os meninos com a gente, e num modo tão ativo. Ao mesmo tempo, é sempre um desafio dirigir crianças em filmes, e os seus próprios filhos! Mesmo complicada, foi a melhor decisão que tomamos. Nós trabalhamos muito com as crianças do filme de um jeito muito lúdico, com um entendimento geral sobre o filme, o universo, mas nunca dando texto para eles decorarem”, explica. Se nos improvisos e nas nuances impensadas, as crianças surpreenderam, Karine Teles se mostrou incrível, dada a experiência. “Nos separamos, mas criamos nossos filhos numa parceria muito grande, somos muito amigos. É um privilégio poder trabalhar com atores como a Karine, inteligente e criativa”, conclui.
Fonte: Correio Braziliense