Vladimir Brichta
Apesar de ter nascido em Minas Gerais, ele se considera “um autêntico baiano”, uma vez que se mudou com sua família para a Bahia aos quatro anos, após passar uma temporada na Alemanha, onde seu pai, Arno Brichta, fez doutorado em Geologia.
Usa o nome Vladimir porque sempre foi conhecido assim, e na família não é costume haver dois nomes. O nome Vladimir é em homenagem a Vladimir Herzog, morto no final de 75 por conta do regime militar, pouco antes de seu nascimento, e foi escolha do pai, que estava preso também pela ditadura, o que fez a família incluir o nome Paulo, dando um caráter mais religioso à identidade, para evitar maiores problemas.
“Eu cresci ouvindo a política em casa, mas principalmente ouvindo como sendo a ‘coisa mais sagrada’, mais valiosa, a democracia, a liberdade de expressão. Eu acho que essa liberdade foi a coisa mais forte que eu recebi durante a minha formação e isso, principalmente, vindo do meu pai e da minha mãe porque viveram esse período… Acho pertencer à sociedade, viver e realizar, qualquer coisa, seja ser um professor em uma universidade que nem a minha irmã, seja alguém que trabalha na área da biologia que nem o meu irmão, ou o meu trabalho na área artística é um ato político também. Acho que agente vem encarregado desse entendimento.”
O teatro entrou na vida de Vladimir ainda na infância. Ainda na Alemanha, quando morou enquanto seu pai fazia doutorado, com 4 ou 5 anos, ele ficava encantando com as peças teatrais que assistia e comentava com sua mãe que queria fazer parte daquilo, ser ator.
Depois do retorno ao Brasil, aos 6 anos de idade ele entra em um primeiro grupo de teatro amador, da escola experimental Hilda Figueiredo, em Salvador. Permaneceu fazendo teatro em escola, até seus 16 ou 17 anos, quando ingressou em um curso livre de teatro da Universidade Federal da Bahia e começou a trabalhar profissionalmente.
“Eu sempre quis ser ator, uma das poucas certezas que me acompanharam durante muitos anos.”
Aos 11 anos, Vladimir começa a surfar, outra paixão descarada do ator. “Eu tinha um plano, era um sonho. Eu tinha um plano claro: eu faria peça. Durante um ano eu faria teatro e juntaria dinheiro. No ano seguinte, eu não faria nada. Eu ficaria viajando pelo mundo só surfando nas ondas maravilhosas. No outro ano, faria teatro de novo. No outro ano, surfaria.” conta rindo.
Vladimir considera por seu primeiro grande trabalho profissional, a peça “A casa de Eros”, em 1996, direção de José Possi Neto e dramaturgia de Cleise Mendes, onde fez um trecho de “Um bonde chamado desejo”, de Stanley Kowalski. “Foi uma peça importante e emblemática na minha vida. Foi meio, quase um ‘start’ profissional meu.”, diz. Por essa peça ele também foi indicado pela primeira vez, ao “Prêmio Bahia Aplaude”.
Apesar de acreditar que esse foi um trabalho que abriu portas à outros, ele comenta que muitos outros personagens ao longo de sua carreira amadora também foram importantes.
“Quando eu fazia o cachorro do Saltimbancos, aquilo pra mim fazia todo o sentido. E eu acho, realmente, que eu fazia bem, tinha muito prazer. Eu gostava de estar contando aquela história, de me sentir um pouco aquele cachorro. E eu estou falando com 8 ou 9 anos de idade.”
Outros trabalhos que também marcaram o início de sua trajetória profissional, foram as peças “Equus”, em 98 e “Calígula”, em 99, com direção de Fernando Guerreiro em ambas, sendo indicado mais duas vezes ao prêmio, vencendo por seu personagem em Calígula.
“Foi uma peça que falava de uma coisa muito próxima, que eu tinha acabado de viver uma experiência. A Gena, mãe da minha filha tinha falecido, e meu personagem falava um pouco de uma perda, de uma dor muito grande e eu estava estreando uma semana depois essa peça. Então eu vivi uma catarse brutal, como eu nunca tinha vivido até então no palco.” – Vladimir foi casado com a cantora Gena, que morreu em 1999 e com quem teve uma filha, Agnes Brichta, nascida em 1997.
Depois de Calígula, Vladimir sai de Salvador para morar no Rio de Janeiro. Estava em seus planos sair de Salvador, não por simplesmente deixar a cidade, mas sim para experimentar outras vertentes de seu ofício. Naquela época o teatro era forte em Salvador, porém não existiam oportunidades para o cinema e para a TV. Após isso, participou da peça “A Máquina”, de João Falcão, onde abriu as portas para esse mundo tanto da TV, como do cinema. A peça virou longa-metragem em 2005, e Vladimir também participou ao lado de Lázaro Ramos, Wagner Moura, entre outros atores.
Teve seu primeiro trabalho na Rede Globo na novela “Porto dos Milagres”, em 2001, onde interpretava Ezequiel, um garçom atraente e charmoso, que chamava atenção das mulheres.“Em “Porto dos Milagres”, eu me deparei com uma linguagem nova, mas não tive qualquer dificuldade para compor o personagem. Cresci na Bahia e também trabalhei atrás de um balcão, como o Ezequiel, porque minha mãe já foi dona de bar, em Itacaré. Mas, como só entrei no meio da novela, não me senti tão dono da história assim. Com o tempo é que fui me apropriando dela”, afirmou o ator.
Em 2002, na novela “Coração de Estudante”, interpretou o peão Nélio, capataz da fazenda do pai da mimada Amelinha, interpretada por sua atual mulher, Adriana Esteves. “Inicialmente, ele teria uma conduta repreensível em função da paixão cega que sente por Amelinha. Mas, embora meu personagem seja movido pela paixão, ou justamente por isso, ele ganhou mais humanidade”, pontuou o ator.
Na novela seguinte, “Kubanacan”, em 2003, interpretou Enrico Puentes, ex-pescador e atual guia turístico do “País del amor”. Enrico era casado com Lola (Adriana Esteves), e escondia de sua mulher uma vida secreta de gigolô. “O Enrico é um grande canalha”, foi assim que Vladimir definiu seu personagem. Neste ano, Vladimir estreitou seus laços com Adriana, e no final da novela, começaram a namorar.
Vladimir interpretou, também, Pedro, na novela “Começar de novo”, em 2004. Em 2006, na novela “Belíssima”, interpretou Narciso, um educador físico mulherengo, sendo, até então a sua última novela. “O Narciso coloca em questão uma realidade de toda a sociedade, que consome cada vez mais a estética. Acho um questionamento necessário, porque a gente está vivendo uma época em que a vaidade está um tanto exacerbada”, pondera o ator.
Vladimir decidiu dar um tempo das novelas, pois, como fazer uma novela demanda muita disponibilidade, isso acabava impossibilitando-o de participar de outros projetos que também eram de seu interesse, como continuar a fazer o teatro e também participar das produções de filmes. Então, surgiu uma oportunidade de fazer o “Faça sua História”, programa que girava em torno das histórias contadas pelo taxista Oswaldir, (personagem de Vladimir) aos seus passageiros. Depois disso, ele viu que sua formação na TV, não viria apenas de novelas, mas sim das séries, situação que permitiu que ele explorasse outras áreas de seu ofício.
Daí para frente, Vladimir fez outras séries com personagens importantes, além das participações especiais. Em 2010, dividiu cena com Débora Bloch na série “Separação?!”, que contava o cotidiano da vida a dois, com picuinhas e manias, na casa de Karin e Agnaldo, casal “em processo de rachadura”. A série foi indicada na categoria melhor série de comédia ao Emmy Awards 2011.
Em 2011, recebeu o convite para trabalhar na série Tapas e Beijos. Viveu o comerciante Armane de 2011 a 2015, ao lado de Andrea Beltrão, Fernanda Torres, Fábio Assunção, entre outros colegas de elenco.
“Espero poder fazer outros que marquem tanto ou mais que o Armane, mas tenho certeza de que esse é um dos que vai entrar para a história. Um personagem feito por meia década deixa um ponto marcado na minha trajetória. Tenho muito orgulho disso. Eu me dediquei a criá-lo de forma que fosse prazeroso fazê-lo e bom de assistir. Pessoalmente, deixa uma marca em mim, e acho que, para o público, também vai ficar a lembrança. Ambiciono fazer coisas variadas em outros formatos e no humor também.”
Os filmes também marcaram a carreira de Vladimir, tanto na comédia, quanto no drama. Em 2012, enquanto ainda fazia seu personagem cômico, Armane, ele gravou o filme “A coleção invisível”, um drama com direção de Bernard Atal, onde interpreta Beto, um homem que passa por crises financeiras, em busca de uma coleção raríssima de gravuras, no interior da Bahia, lançado no ano seguinte. Mesclando construção de personagens totalmente diferentes, com energias distintas.
Em 2013, gravou o filme “Minutos atrás”, que mistura comédia, drama e fantasia, contando a história dois andarilhos, cujas almas solitárias vagam pela vida atrás de restos de sonhos e medos jogados fora em busca de um motivo para suas vidas.
Os filmes mais recentes, que estão para serem estreados esse ano, são “Muitos Homens Num Só”, “Um Homem Só”, “Real Beleza”, onde contracenou com sua atual esposa, Adriana Esteves e “Minions”, dublando Herb Overkill, casado com Scarlet Overkill, também ao lado de sua esposa. Ambos têm sua primeira dublagem no cinema.
No ano de 2015, Vladimir passou meses em São Paulo filmando “O Rei Das Manhãs”, do diretor Daniel Rezende. O filme narra a trajetória de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo no programa matinal homônimo exibido pelo SBT durante a década de 1980. Barreto alcançou a fama graças ao personagem, apesar de jamais ser reconhecido pelas pessoas por sempre estar fantasiado. Esta frustração o levou a se envolver com drogas, chegando a utilizar cocaína e crack nos bastidores do programa, estreia prevista para agosto de 2017.
Após 4 anos, em 2015 chega ao fim a minissérie “Tapas e Beijos”. Vladimir retorna a TV somente em 2016 como Celso (o dono de quiosque que é o único personagem que esteve envolvido em todas as tramas) na minissérie “Justiça”.
O final de 2016 marca o retorno de Vladimir Brichta às novelas, seu personagem Gui Santiago é o protagonista de Rock Story, cantor de rock que fez um grande sucesso na década de 1990, e tenta voltar às paradas novamente.
O ano de 2017 está sendo um dos mais promissores de sua carreira, após o enorme sucesso em Rock Story, Vlad foi aclamado por sua atuação em ‘Bingo – O Rei das Manhãs’ e após rápidas férias, praticamente, emendou um trabalho no outro, em julho de 2017 começou gravar a minissérie Cidade Proíbida, estreada em setembro de 2017, trouxe Vladimir Brichta como protagonista, interpretando um investigador de caráter flexível especializado em casos extraconjugais, ambientada nos anos 1950 ela será baseada no livro “O Corno Que Sabia Demais”, de Wander Antunes.
Em 2018 Vladimir volta ao horário nobre da televisão na novela ‘Segundo Sol’ para dar vida a Remy preguiçoso, malandro e atrapalhado. “Ovelha negra” da família, desde pequeno desafiava o pai, que sempre foi linha dura com ele, mas não conseguiu endireitá-lo. ‘Segundo Sol’ marca o retorno da parceria profissional com a Adriana.
Vladimir começa gravar a novela ‘Amor de Mãe’ em agosto de 2019. O início das gravações coincide com a inauguração do MG4 (Módulo de Gravação 4, novo estúdio da Tv Globo). A novela estreou em 25 de novembro de 2019, o andamento da produção foi afetado pela pandemia de COVID-19, e a exibição foi interrompida em 21 de março de 2020; a segunda parte foi exibida de 15 de março a 9 de abril de 2021, com mais 23 capítulos inéditos, contabilizando 125 capítulos, no total.
O ano de 2021 é de muito trabalho. Vladimir grava a novela ‘Quanto mais vida, melhor’ onde contracena com sua filha Agnes Brichta. Em ‘Quanto mais vida, melhor; após morrerem em um acidente aéreo, os protagonistas recebem uma segunda chance da Morte sob uma condição: devem consertar suas vidas e, após um ano, apenas um deles morrerá definitivamente.
No mesmo ano grava o filme ‘O Alemão 2’, nove anos após os acontecimentos do primeiro filme em 2017, o policial civil, Machado (Vladimir Brichta), lidera uma perigosa e secreta ação no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Ainda em 2021, Vladimir grava o filme ‘Capitu e o Capítulo’, é um filme que aborda de forma livre a obra de Machado de Assis, Dom Casmurro; seu personagem é ‘Bentinho’.
Após 10 anos longe dos palcos, Vladimir volta com a peça ‘TUDO’ uma adaptação da comédia do dramaturgo argentino Rafael Sprgelburd, com direção de Guilherme Weber. A peça nos mostra três cenários cada um apresenta uma fábula moral, propondo as contradições sociais. A primeira delas é “Por que todo Estado vira burocracia?”, discutida a partir de funcionários públicos que começam a questionar normas impostas no trabalho. A segunda, “Por que toda arte vira negócio? é retratada por convidados de um jantar de Natal, que discutem questões ligadas ao pós-modernismo. “Por que toda religião vira superstição?” é a terceira, que traz um casal que descobre que o filho está doente em uma noite de tempestade.
O ano de 2024 está sendo desafiador para Vladimir, o ator vive o seu primeiro vilão nas novelas, o coronel Egídio na novela Renascer.
Trabalhos no Cinema:
(2003) – Paisagem de Meninos
(2005) – A Máquina
(2006) – Fica Comigo Esta Noite
(2008) – Romance
(2009) – A Mulher Invisível
(2010) – Quincas Berro D’Água
(2012) – A Coleção Invisível
(2014) – Minutos Atrás
(2015) – Muitos Homens Num Só
(2015) – Real Beleza
(2015) – Minions
(2015) – Um Homem Só
(2015) – Vai Que Dá Certo 2
(2017) – Bingo – O Rei Das Manhãs
(2022) – Alemão 2
(2022) – Capitu e o capítulo
Trabalhos no Teatro:
(1993) – O Inspetor Geral
(1994) – Uma História Sem Fim
(1995/1996) – Pontapé
(1996) – Dias 94
(1996) – A Casa de Eros
(1997) – Acho Que Te Amava
(1997) – Um Dia Um Sol
(1997) – Dona Maria, a Louca
(1998) – A Megera Domada
(1998) – Baal
(1998) – Equus
(1998) – Eu, Brecht
(1998/1999) – A Ver Estrelas
(1999) – Calígula
(2000/2001) – A máquina
(2002) – Mamãe Não Pode Saber
(2002/2003) -Um Pelo Outro
(2007) – A Hora e Vez de Augusto Matraga
(2007) – Os produtores
(2009/2011) – Hamelin
(2012) – Arte
(2022) – Tudo
Trabalhos na televisão:
(2001) – Porto dos Milagres
(2002) – Coração de Estudante
(2003) – Kubanacan
(2003) – Sexo Frágil
(2004) – Começar De Novo
(2005) – História de Amor
(2005) – Belíssima
(2007) – Sob Nova Direção
(2008) – Faça Sua História
(2010) – Separação?!
(2011-2015) – Tapas e Beijos
(2016) – Justiça
(2016) – Rock Story
(2017) – Cidade Proibida
(2018) – Segundo Sol
(2019) – Amor de Mãe
(2021) – Quanto mais vida, melhor!
(2024) – Renascer
Prêmios:
(1996) – Prêmio Bahia Aplaude – Melhor Ator (Indicado)
(1998) – Prêmio Bahia Aplaude – Melhor Ator (Indicado)
(1999) – Troféu Copene de Teatro – Melhor Ator (Venceu)
(2002) – Prêmio Extra de Televisão – Melhor Ator (Venceu)
(2002) – Melhores do Ano – Ator Revelação (Venceu)
(2003) – Prêmio Contigo – Melhor Ator Cômico (Venceu)
(2003) – Prêmio Contigo – Melhor Ator Coadjuvante (Venceu)
(2003) – Melhores do Ano – Melhor Ator Coadjuvante (Venceu)
(2003) – Prêmio Qualidade Brasil Melhor Ator (Indicado)
(2004) – Prêmio Contigo – Melhor Ator Coadjuvante (Indicado)
(2008) – Prêmio Qualidade Brasil – Melhor Ator de Humorísticos (Venceu)
(2010) – Grande Prêmio do Cinema Brasileiro- Melhor Ator Coadjuvante (Indicado)
(2010) – Prêmio Contigo de Cinema – Melhor Ator Coadjuvante (Indicado)
(2010) – Prêmio Qualidade Brasil – Melhor Ator de Série ou Projeto Especial (Venceu)
(2011) – Prêmio Contigo de TV – Melhor Ator em Série/Minissérie (Indicado)
(2011) – Prêmio Qualidade Brasil – Melhor Ator de Série ou Projeto Especial (Indicado)
(2012) – Prêmio Contigo de TV – Melhor Ator serie/minissérie Tapas & Beijos (Venceu)
(2013) – Prêmio Contigo de TV – Melhor Ator em Série/Minissérie (Indicado)
(2014) – Recife Cine PE – Melhor Ator de Cinema (Venceu)
(2014) – Prêmio F5 – Ator Coadjuvante do Ano (série ou minissérie) (Indicado)
(2014) – Prêmio Quem de Televisão – Melhor Ator Coadjuvante (Indicado)
(2014) – Prêmio Contigo de TV – Melhor Ator em Série/Minissérie (Indicado)
(2014) – Melhores do Ano – Ator de Série, Minissérie ou Seriado (Indicado)
(2015) – Melhores do Ano – Ator de Série, Minissérie ou Seriado (Venceu)
(2016) – Prêmio Quem de Televisão – Melhor Ator (Indicado)
(2018) – Melhor Ator de Cinema da APCA (Venceu)
(2018) – Prêmio FIESP/SESI Cinema e Teatro – Melhor ator de cinema (Venceu)
(2018) – Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – Melhor ator (Venceu)
(2018) – Melhores do Ano – Melhor ator (Indicado)