“É uma obra que apesar de ser um conto, tem uma estrutura dramática propícia para o Teatro”, declara André Paes Leme, diretor e adaptador de “A Hora e Vez de Augusto Matraga”. No elenco, Vladimir Brichta no papel-título e 8 atores, que também serão músicos, cantores e, principalmente, narradores. São 18 músicas no repertório e mais de 15 instrumentos em cena. A idealização do projeto e música original são de Alexandre Elias. A realização é da Sarau Agência de Cultura Brasileira.
Neste espetáculo, “o contador é quem traz à tona a narrativa que depois é conduzida pelos personagens”, afirma André. “A Hora e Vez de Augusto Matraga” focaliza o regional mineiro e capta os aspectos físicos, sociais e psicológicos do homem e do meio interiorano. Os diálogos são acompanhados por uma linguagem musical inspirada na música regional e folclórica brasileira. “Este texto é muito particular, pois além de reinventar a língua portuguesa, tem nítida sonoridade. Além das canções que substituem alguns trechos do texto que não incluímos, a musicalidade também é percebida nas palavras únicas de Guimarães Rosa”, detalha o diretor.
Augusto Matraga (Vladimir Brichta) sofre uma transformação que tematiza o bem e o mal, o acaso, os milagres e a metafísica. De homem boêmio e violento, que maltratava a mulher, a filha e todas as pessoas que o rodeavam, Matraga transforma-se num penitente, num pecador em busca de devoção, da conversão ao mundo de Deus. “O espectador comum se identifica com essa luta constante entre o bem o mal. O contexto violento do Matraga, a vitória sobre as tentações em seu percurso e a redenção do personagem no final têm eco até hoje na sociedade”, analisa Paes Leme, que destaca sua única interferência na adaptação, aproximar o texto ao tempo dramático do teatro.