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Crítica – Bingo: O Rei das manhãs (Ccine 10)

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Crítica: O Rei das manhãs

Por: Ccine 10

Texto de: Kadu Silva

O vídeo da entrevista está ao final da crítica!


Uma bitoca no coração cinéfilo!

O premiado montador Daniel Rezende (Cidade de Deus), estreia na direção de longas-metragens no filme Bingo – O Rei das Manhãs, uma produção ácida, provocativa e nostálgica.

Apesar de muitos imaginarem que se trata de uma cinebiografia de Arlindo Barreto o primeiro ator que viveu o Bozo na TV, não é bem assim, o esqueleto da trama é sobre o Arlindo, mas o filme ampliou o arco dramático além dessa história e introduziu dramas de outros palhaços nesse enredo final.

No filme Augusto Mendes (Vladimir Brichta) é um ator que sobrevive de papeis nas pornochanchadas nacionais, sem grande sucesso ou fama. Até que resolve fazer um teste para viver um palhaço que teria um programa só dele na TV. Ele ganha o trabalho, mas tinha um detalhe no contrato que o decepcionou bastante, ele nunca poderia revelar a identidade do palhaço a ninguém. Augusto fez do programa o líder de audiência, mas mesmo assim ele se sentia frustrado, fato esse que o levou a se envolver com drogas, mesmo com o enorme sucesso de seu programa infantil e assim sua vida saiu completamente do controle.

O roteiro de Luiz Bolognesi (Bicho de Sete Cabeças), é brilhante, primeiro porque ele consegue criar o mito do misterioso palhaço de forma precisa e além disso, descontrói o homem por detrás da máscara, diante das frustrações de um real reconhecimento que nunca teve, tudo de forma orgânica e sem pudor. A escolha de introduzir mais elementos a história do Arlindo, tornou a história mais rica, já que assim, Bolognesi pode elevar o tom nessa ascensão e queda do personagem.

O texto de Bolognesi se mostra outro grande acerto, já que é ácido, provocador, principalmente ao mostrar os bastidores da “fama”, e nostálgico sem precisar usar em grande parte do tempo os nomes reais da época, o universo dos anos 80 é mostrado pelos ícones que marcaram a década.

Daniel Rezende mesmo iniciando na direção consegue uma grande façanha ao recriar os anos 80 sem exageros, tudo foi pensado para dar ao espectador a sensação de ver esse período, sem parecer que essa recriação fosse algo caricata de uma época tão icônica, além disso, ele se destaca pela condução de elenco, que apesar de ter atores renomados, é possível enxergar o olhar de Daniel nas nuances de tom do humor e do drama que Vladimir, por exemplo vive ao longa da história.

Por falar em elenco, é outro estupendo acerto, Vladimir Brichta (Um Homem Só) faz o papel de sua vida, se entregando de corpo e alma para esse papel e faz do protagonista uma figura marcante e encantadora, Leandra Leal (O Rastro), recatada e ao mesmo tempo durona está primorosa como Lúcia, vale ainda destacar a genialidade de Augusto Madeira (Malasartes e o Duelo com a Morte) que transformou um papel que poderia ser imperceptível em algo marcante dentro da história e ainda o jovem Cauã Martins, que vive cenas complexas e que mesmo assim consegue convencer brilhantemente a plateia com seu drama com o pai. Ainda tem Pedro Bial (Desenrola), Emanuelle Araújo (Até que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final), Domingos Montagner (Um Namorado para Minha Mulher), todos incríveis.

Se não bastasse tantos acertos, ainda tem a trilha sonora incrível que foi escolhida a dedo por Daniel. Ela serve como personagem na história, cada música entra para impulsionar a narrativa. Não se pode deixar de mencionar também a lindíssima fotografia de Lula Carvalho (Tropa de Elite).

Bingo – O Rei das Manhãs é um excelente entretenimento pelo seu tom cômico e pop, mas se torna algo ainda maior pelas suas diversas camadas, que fazem o espectador refletir sobre diferentes temas importantes da esfera social e psicológica do ser humano.

 

ASSISTAM AO VÍDEO: Vladimir Brichta e Daniel Rezende falam sobre Bingo – O Rei das manhãs

 

FONTE: SITE Ccine 10

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