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“Eu nunca fiz um bom caráter”, conta Vladimir Brichta, o vilão de Segundo Sol

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Foto: Divulgação

Segundo Sol, a nova novela das nove, da TV Globo, de autoria de João Emanuel Carneiro, dirigida por Dennis Carvalho e Maria de Médicis, estreia na segunda quinzena de maio, e pretende levar ao público a mensagem que todos tem o direito a uma segunda chance e podem ser protagonistas de suas histórias.

A novela tem a missão de substituir O Outro Lado do Paraíso e manter o sucesso conquistado no horário tanto pela trama de Walcyr Carrasco, quanto a antecessora, A Força do Querer. Para alcançar esse objetivo, a Globo aposta na história que tem como cenário Salvador e outros destinos baianos como Trancoso e Porto Seguro. No elenco estão estrelas como Giovanna Antonelli, Deborah Secco, Adriana Esteves, Vladimir Brichta e Emílio Dantas, entre outros.

Em Segundo Sol, Beto é um cantor que vive uma fase de ostracismo e tem como empresário o irmão, Remy. Um acidente, no qual Beto é dado como morto, é visto por Remy como uma oportunidade de faturar e conseguir melhorar a vida financeira da família.

Nesse contexto, Beto se envolve com Luzia (Giovanna Antonelli) se apresentando como Miguel. Apaixonados, são separados por Karola (Deborah Secco) e Laureta (Adriana Esteves), sendo que Luzia se vê obrigada a ir embora do Brasil sem os filhos. 20 anos se passam e Beto vive infeliz com a mentira sobre sua morte, enquanto Luzia volta ao país disposta a reunir sua família.

As gravações estão a todo vapor em solo baiano, onde estão hospedados elenco, produção, equipe técnica, figurinistas e maquiadores. E foi em um hotel em Salvador onde nós encontramos, Emílio Dantas, protagonista que dará vida a Beto Falcão e Vladimir Brichta que será o vilão da novela, Remy Falcão, para uma entrevista exclusiva onde eles falam sobre a trama, seus personagens, o autor João Emanuel Carneiro, a expectativa para a estreia e a experiência de gravarem na Bahia.

Confira:

Desde quando vocês estão na Bahia?

Emílio Dantas:
“Eu estou desde o dia 6 (de março).”

Vladimir Brichta:

“Eu não lembro, mas acho que cheguei dia 10 ou 11 (de março). A gente chegou pela Costa do Descobrimento, Arraial, Trancoso, Espelho, aquela regiãozinha.”

Todo mundo se impressiona com esse embate que os dois irmãos vão viver. Você (Vladimir Brichta) nunca fez um vilão e você (Emílio Dantas) veio de um personagem muito forte, que foi o Rubinho, de A Força do Querer. Quais estão sendo as primeiras impressões?

Vladimir Brichta:
“Eu nunca fiz um bom caráter também, eu tenho dificuldade de ter um bom caráter (risos). Eu tenho a sensação de estar fechando um ciclo porque a minha primeira novela se passava na Bahia, que foi Porto dos Milagres (2001) e estar aqui de novo tem um significado que, para mim, está sendo muito especial. Estou repassando essas duas décadas na TV. Quanto a relação dos irmãos da novela, tudo o que acontece é de extrema importância para o meu personagem. O Beto (Emílio Dantas) é o protagonista e vai carregar várias frentes. Ele tem uma história de amor, tem uma história de ser trapaceado, tem uma falha trágica do herói que aceita que a mentira seja contada e não se revela vivo, e também tem a relação do irmão, que é enganado e não sabe. Para mim, apesar de eu (Remy) ter um romance com a namorada dele (Beto), tudo converge para a relação deles dois. Quando esse cara (Beto) nasceu, meu personagem criança perdeu esse trono, esse foco, e isso deu uma desnorteada nele e fez que ele tivesse como objetivo perseguir esse irmão, matar mesmo que metaforicamente, tomar as coisas dele e amar também. Ele tem inveja, consegue amar e odiar na mesma proporção. É uma história possível, está tudo ali e a partir disso ele disputa pai,mãe, namorada. Isso não justifica o fato de ele não ter um bom caráter, mas explica determinadas atitudes.”

Emílio Dantas:
“A gente está se divertindo muito. Ontem, não sei quem foi que falou que a novela estreia em maio e eu nem lembrava mais, não estava nem pensando mais na estreia (risos).”

Emílio, você vai interpretar o Beto, um cara que fez muito sucesso e depois se fingiu de morto e não voltou à vida por ter começado a fazer sucesso de novo. É uma trama um pouco inusitada, eu não lembro de ter visto histórias como essa…

Emílio Dantas:
“Bom, em teoria a gente tem o Michael Jackson, o Paul McCartney e o Elvis Presley (risos). Vamos supor que isso é verdade. O que esses caras estariam fazendo hoje? Que nome o Elvis teria? A premissa é essa. O Remy (Vladimir Brichta) é um cara que tem um pensamento à frente, é o tanto que a família vai cair nessa. Mas a premissa do Beto é realmente a questão financeira, ele quer ajudar a família e aceita passar por aquilo. Ele fica em paz quando descobre que a partir daquele momento ele pode ser o que ele quiser. Ele
pode ser desde um astronauta a um pescador e eu acho que a novela vai discutir muito a questão da segunda chance principalmente nas relações familiares. Tanto a nossa família como a família que será construída com a Luzia (Giovanna Antonelli), são famílias
que estão se desmantelando, são famílias que precisam se compreender, se estruturar. Todos os núcleos conversam com esse lugar. Dentro da nossa família tem um golpista, um ex-cantor de axé, um policial e um cara que até hoje não sabe o que quer ser, o que também é muito comum. O foco é esse.”

Confira: Equipe da nova novela das 21h, Segundo Sol, grava em popular feira de Salvador

Você (Emílio) acha que esse personagem vai ser tão popular quanto o Rubinho?

Emílio Dantas:
“Ah, eu não pensei nisso. Para fazer eu tenho que pensar em outra coisa. Para mim, cada vez mais a novela é uma loteria. A gente sempre depende de um momento. O Rubinho, por exemplo, foi um personagem muito popular, mas existia um grande momento porque o Jornal Nacional encerrava com a fuga do Rogério (da Rocinha) e o capítulo da novela começava comigo fugindo dentro do mato. No dia que descobriram os dólares do Geddel, a Bibi (Juliana Paes) tomou a chuva de dinheiro. Tem isso. A gente não sabe o que estará acontecendo em maio, em novembro. A gente está vivendo aqui, em 1999. Sem pensar nisso.”

Esse visual é da primeira fase?

Emílio Dantas:
“Tá mesclado, a gente grava tudo ao mesmo tempo. Tem dia que vocês vão ver dread e cabelo mesclado, com tatuagem ou sem tatuagem.”

É a primeira vez que vocês trabalham com o texto do João Emanuel Carneiro. Como está sendo em comparação com os outros que vocês já trabalharam?

Vladimir Brichta:
“O João é muito bom e é importante ressaltar a forma como ele conduz e cria as tramas, é tudo muito bom. Modificar o gênero é impossível, mas turbinar como ele fez lá atrás com Avenida Brasil (2012), por exemplo, é muito bom. Você assiste a novela dele e
começa a pensar: ‘Nossa, já gastou isso, já gastou aquilo’. Antigamente, tinha todo aquele suspense para ver quem matou fulano e ele já conta três dias depois. Isso é muito interessante de assistir e de ver porque você sente que não está enchendo linguiça
e eu acho isso muito valioso. Ele trabalha com poucos personagens e todos eles costumam ter conflitos, a gente nunca está dependendo só da história do outro. Ele também tem um negócio de jogar com o ator de um jeito muito generoso e inteligente. Ele diz que
não é exatamente do jeito que ele está escrevendo, ele dá liberdade, ele diz que se o ator acha que cabe uma outra palavra, a gente pode ficar à vontade. Isso me instiga muito”

Emílio Dantas:
“Eu assino embaixo e só complemento que é de muita coragem. Nos dias de hoje, o ego se sobrepõe. Um autor chegar e falar que a obra dele é nossa, é muita responsabilidade e coragem. É difícil confiar no bom senso.”

O João Emanuel Carneiro foi responsável por uma obra de muito sucesso, que foi Avenida Brasil (2012), mas teve muitos problemas de audiência em A Regra do Jogo (2015). Agora, olhando para as últimas tramas do horário nobre, A Força do Querer e O Outro Lado do Paraíso, vocês se sentem pressionados?

Vladimir Brichta:
“Eu não sinto pressão nenhuma. Se pensar pessoalmente, eu venho fazendo trabalhos que vão muito bem, então se eu der uma erradinha agora, ainda estou no crédito (risos). Tem outra coisa também: o Dennis Carvalho (diretor artístico) promove um clima tão harmonioso, que de certa forma isso é um jeito de blindar o elenco, seja para fazer sucesso ou para não alcançar o sucesso esperado. Todo mundo está num clima muito bom, querendo ficar mais aqui na Bahia, acho que seja qual for o resultado, continuaremos trabalhando nesse clima bom.”

O que o público pode esperar de ‘Segundo Sol’?

Emílio Dantas:
“Eu acho que pode parecer clichê, mas é um projeto feito com muito carinho, muito amor e entrega de todo mundo. É raro você ter uma equipe que tenha o elenco, a direção, os câmeras, todo mundo junto, reunido e focado em fazer um trabalho legal. Esse é um trabalho que a gente não está pensando muito nisso. Eu, por exemplo, de vez em quando até esqueço que estou fazendo uma novela e que é novela das 21h. Parece que a gente está aqui fazendo cinema, feliz da vida. A qualidade é ver que todo mundo está a fim de contar essa história.”

Vladimir Brichta:
“Eu acho que, trazendo alguma singularidade ao projeto, o fato de se passar na Bahia pode trazer algum frescor no visual, na forma. Existe algo no próprio estado da Bahia, que é uma autenticidade e a gente precisa imprimir isso na novela. É o que eu pretendo.”

*Entrevista realizada pelos jornalistas Neuber Fischer e Gabriel Vaquer

Fonte: https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/entrevista/2018/03/eu-nunca-fiz-um-bom-carater-conta-vladimir-brichta-o-vilao-de-segundo-sol

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