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Jorge Furtado aposta no drama romântico em Real Beleza

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Num momento em que o cinema brasileiro aposta largamente em comédias para o grande público, o diretor gaúcho Jorge Furtado, tão associado ao gênero, parte na contramão. Retorna aos cinemas arriscando no drama romântico Real Beleza, estreia desta semana nos cinemas.

Diretor de filmes de sucesso como O Homem que Copiava (2003) e Saneamento Básico (2007), além de assinar trabalhos para a televisão, como a minissérie Doce de Mãe (2012-2014), Furtado se dispõe a  se arvorar em novas propostas.

“Fazer um drama, como diretor de cinema, foi um desafio autoimposto para mim. É muito diferente em todos os sentidos, o drama pede muito mais silêncios. Às vezes tem momentos de reflexão em que as pessoas só se olham. O drama é feito com a cumplicidade do espectador”, revela.

No centro da história está o fotógrafo perfeccionista João (Vladmir Brichta), obcecado por encontrar a modelo perfeita, de beleza rara e incomum. Parte para o interior gaúcho e, em meio a tantas candidatas, conhece e se encanta pela jovem Maria.

O tema principal do filme se desenha aí: a busca pela verdadeira beleza ou o sentido do belo. “A beleza está no olhar. Parece um clichê, mas se você não enxerga algo com atenção, não vê como pode ser bonito. Essa é a investigação da beleza que me interessa”, revela o diretor.

A própria equipe do filme percorreu várias cidades do interior do Rio Grande do Sul e entrevistou 350 candidatas que pudessem representar essa beleza peculiar, até que encontrar a novata Vitoria Strada.

Casal em cena

Como a personagem Maria é de menor, precisa da aprovação dos pais, o que ela mesma recusa de pronto. Para não perder a oportunidade de ouro, João viaja até a fazenda onde a menina mora com a família. Conhece a mãe (Adriana Esteves) e espera o retorno do pai (Francisco Cuoco), que se opõe fortemente aos desejos da filha.

A relação de João com a mãe de Maria caminha para um encontro inusitado. Casados na vida real, Brichta e Esteves apresentam uma química admirável e evidente. A última vez que estiveram juntos em cena foi na novela Coração de Estudante (2002), da Rede Globo.

“Desde a última vez que trabalhamos juntos já não somos mais os mesmos atores e ainda acumulamos esses dez anos de intimidade. Isso trouxe uma expectativa e um frescor para o reencontro, que foi positivo pra história”, confidencia Brichta.

Erudito e popular

O cinema de Jorge Furtado sempre buscou um diálogo muito grande com o público, mas sem deixar de lado certas menções intelectuais, referências que ele vai diluindo em sua obra.

Em Real Beleza, João se depara com a enorme biblioteca do pai de Maria. Os personagens recitam sonetos e poemas distintos, vão da fotografia de Cartier-Bresson à literatura de Jorge Luis Borges – o próprio espaço da biblioteca já possui uma forte referência borgiana.

Nesse meio termo, Furtado prefere não se rotular. “Eu acho que essa divisão entre o erudito e o popular não existe, é uma invenção. E é preconceituosa também”, afirma o diretor.

Agora, Furtado está preparando duas séries para a televisão: a comédia Mr. Brown, com Lázaro Ramos, Taís Araújo e Luís Miranda no elenco, com previsão de estreia para setembro; e o drama O País do Futuro, ambientada na década de 1950, sobre o surgimento da televisão.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1702177

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