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Na pele da inconsequente Cibele, Adriana Esteves exalta história realista e possível de “Os Outros”, do Globoplay

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Foto: Paulo Belote/Globo

Uma das atrizes mais disputadas da Globo, Adriana Esteves sempre tenta conciliar os anseios artísticos com os convites que lhe são oferecidos. Alternando de forma equilibrada entre séries e novelas, ela garante que não tem uma preferência, mas se mostra satisfeita com a preparação mais artesanal e o trabalho mais concentrado de produções de menor duração como “Justiça”, “Assédio” e a novíssima “Os Outros”, que acaba de chegar ao Globoplay.

“Novelas são a minha raiz. É algo que gosto de fazer e que me dá muita alegria. Mas gosto de como as coisas se resolvem nas séries, onde temos mais noção sobre como tudo vai se desenvolvendo”, avalia. Em “Os Outros”, Adriana é Cibele, uma mãe amorosa e esposa dedicada que mostra as entranhas de seu ser ao se envolver em uma tumultuada briga entre vizinhos de um condomínio de classe média.

“Acho que a maior qualidade desta personagem é o amor que sente pela família e o maior defeito é que pensa muito pouco no coletivo. É uma história muito possível e que bate nas pessoas de diferentes formas, cada um vê no outro o que tem dentro de si”, conceitua.

Natural do Rio de Janeiro, Adriana era apenas uma jovem modelo quando participou de um concurso de atuação do “Domingão do Faustão”, em 1989, que lhe rendeu um papel pequeno na clássica “Top Model”. Sem desperdiçar oportunidades, fixou-se na emissora e se destacou em novelas como “Meu Bem, Meu Mal” e “Pedra Sobre Pedra”. Em seguida, também enfrentou uma enxurrada de críticas pela complexa Mariana de “Renascer”. Após uma breve passagem pelo SBT, retornou à Globo e ao posto de protagonista em “A Indomada”, de 1997.

“Tudo o que passei me ajudou a ser a atriz que sou hoje” analisa Esteves, que ainda teria outros momentos de destaque em produções como “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, de 2010, na popular “Avenida Brasil”, de 2012 e, mais recentemente, na visceral série “Justiça”, que acabou lhe rendendo uma indicação ao Emmy Internacional da categoria Melhor Atriz. “A vida não é só ganhar. É preciso entender isso e saber seguir em frente”, valoriza.

Em “Os Outros” você volta ao posto de matriarca superprotetora que experimentou recentemente com a Thelma, de “Amor de Mãe”. É um papel fácil de acessar?

De jeito algum. É difícil demais. Ainda mais porque, se fizer a conta direitinho, somos três mães bem intensas: Thelma, Cibele e eu (risos). São três referências e resultados totalmente diferentes, mas com pontos em comum. Elas são protetoras, controladoras, talvez narcisistas, e recorrem a situações semelhantes para educar e criar os filhos. Acho que tenho aprendido muito sobre maternidade com a ficção.

Como assim?

Me acho tranquila como mãe, mas o exercício em torno do controle é sempre complicado e essas personagens levam essa questão ao limite. Então, é algo que fica em mim como um exemplo a não ser seguido. Acho que hoje, com os filhos crescidos, cheios de independência e por sempre lidar com gente mais jovem, consigo relaxar mais e me abrir para novas posturas e hábitos.

Tantos anos depois de “Toma Lá, Dá Cá”, como é retornar a um condomínio com vizinhos problemáticos?

Estava pensando nessa questão outro dia. É impressionante como a teledramaturgia pode se apropriar dos mesmos ambientes para contar histórias tão diferentes e profundas. Sinto falta até hoje da loucura que era o “Toma Lá, Dá Cá”, um projeto que, para a sorte dos envolvidos, nunca acabou de verdade. As reprises mantêm aquela risada acesa, sempre conquistando novos fãs. Fervi demais naquele condomínio (risos).

A temperatura da Cibele é bem alta também, não é?

Extremamente. Cibele acredita que tudo que ela faz é o melhor e vai dar certo, mas ela acaba indo por outro viés e se dá mal. Poderia ser cômico, mas ela segue mesmo é pelo caminho trágico. Seus erros são tão gritantes que ela chega a ser patética. No fim, acho que a série denuncia muito o quanto a gente precisa do outro.

Em que sentido?

No meio de tanta rixa, a gente pode até não se dar conta, mas precisa do outro para se chegar a uma solução, a novas práticas e hábitos. Cibele e Mila (Maeve Jinkings), por exemplo, seriam imbatíveis se unissem suas forças, mas são atropeladas pelas mágoas, brigas e ressentimentos entre suas famílias. Estão cegas de ódio e não conseguem enxergar o óbvio.

Foto: Paulo Belote/Globo

Fonte: https://liberal.com.br/social/celebridades/individualidade-maxima-1968712/

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