Com seu elenco todo potente, trama eletrizante e direção brilhante, “Justiça” vem fazendo muita gente dormir mais tarde. Mais que isso, as noites de terça-feira são especiais. É quando o drama de Fátima, personagem de Adriana Esteves, entra no centro das atenções. O capítulo de anteontem, em que ela teve cenas de altíssima voltagem, foi só um exemplo.
Depois de sete anos presa, ela sofreu um choque ao ser assaltada pelo próprio filho. A sequência foi de ação, mas não só isso. Ela correu em duas chaves, ambas muito bem exploradas por José Luiz Villamarim. Num plano estava a confusão da bolsa sendo arrancada, a gritaria, a reação dos transeuntes, o gesto de solidariedade de uma mulher que trouxe um copo d’água etc. Em outro, silencioso e sutil, vimos o abalo emocional de Fátima e do menino (Tobias Carrieres), expresso só pelos olhares. Os dois vetores serviram para construir um dos melhores momentos da noite — os outros foram o reencontro dela com o filho e o surto de Douglas (o grande Enrique Diaz) na praia.
É de Adriana um dos papéis mais interessantes de “Justiça”. Toda a sua desgraça foi motivada por uma desavença com o vizinho por causa de um cachorro. Agora, livre da prisão, ela voltou a conviver, em termos pacíficos, com o responsável por tudo, Douglas. A trama parece apontar para o perdão. É uma rota oposta à dos demais personagens, que querem vingança. Isso é o que saberemos no decorrer da história de Manuela Dias.
Nas redes sociais, muita gente ainda anda se referindo a Adriana como “Carminha”. Mas vale lembrar que a vilã maravilhosa de “Avenida Brasil” não foi o único trabalho inesquecível dela na TV. Vide a Dalva de “Dalva & Herivelto”, e suas investidas em comédia (“Toma lá dá cá”), só para citar dois exemplos. Viva ela.
Fonte: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia/2016/09/o-talento-de-adriana-esteves-ilumina-justica-serie-da-globo.html