A atriz fala sobre a personagem no filme “Mundo Cão”, uma dona de casa e costureira evangélica. Contracenando com atores negros, ela também aborda o tema racismo e diz que deveria ter mais inclusão.
“É com certeza a personagem mais forte que já fiz no cinema.” É assim que Adriana Esteves define Dilza, que interpreta no filme “Mundo Cão”, de Marcos Jorge, que estreia no próximo dia 17. Ela é uma dona de casa evangélica que costura calcinhas para vender e vive bem com o marido, Santana, interpretado por Babu Santana, e os dois filhos. A vida tranquila do casal é abalada por uma série de acontecimentos, como o sumiço do caçula.
Nenê, personagem de Lázaro Ramos, tem um envolvimento com o desaparecimento do filho do casal. O marido de Dilza é um funcionário do Departamento de Combate às Zoonoses que trabalha recolhendo cachorros perigosos das ruas, na época em que a lei que proíbe o sacrifício de animais sadios ainda não havia sido sancionada. Ele cruza com o rottweiler de Nenê e, por um mal-entendido, eles acabam tendo um conflito.
“A história é bastante forte. A minha personagem tem uma dramaticidade grande. Quando li o roteiro, foi como um soco no estômago. Perdi o sono porque as coisas que acontecem com a personagem são muito pesadas e difíceis para uma mãe. O desparecimento desse menino é um choque para essa mulher”, contou à Marie Claire. Apesar disso, o longa tem humor. “O filme tem certo suspense com dose de humor dentro uma história bastante séria e rude, mas minha personagem fica com a parte dramática.”
Adriana conta que não buscou uma inspiração em uma pessoa específica para o papel. A personagem foi uma homenagem do diretor à mãe dele que é costureira como Dilza. Questionada se tem algum ponto em comum com ela, a atriz diz que ambas são trabalhadoras, casadas e com filhos.
RELIGIÃO
Evangélica, Dilza é uma mulher muito envolvida com a religião. “Ela é apaixonada e dedicada à religião, que ocupa bastante a vida dela e dá um conforto especial àquela mulher bastante simples, classe média baixa. Ela procura inclusive levar o marido e os filhos para a Igreja.”
Questionada de que forma a religião está presente na sua vida, Adriana diz que hoje não diz que segue uma. “Fui de formação católica, batizada, fiz primeira comunhão e ia à igreja quando criança… Já adulta até tive a oportunidade de conhecer várias outras religiões. Conheci pela curiosidade, mas hoje não posso dizer que eu sigo uma específica.”
RACISMO
O elenco é formado majoritariamente por atores negros. Adriana falou sobre a importância da inclusão e ainda abordou o racismo. “É inacreditável que a gente esteja em 2016 e nisso ainda somos atrasado, né? Ainda se discute e se fala muito sobre o assunto. O racismo já era para ter sido abolido há muitos anos”, afirmou. “É uma luta seríssima e é necessário que a arte contribua com essa causa importantíssima. Acho essencial a presença de negros em todos os filmes.”
A atriz aproveitou para reforçar também a importância da presença de mais mulheres na arte como um todo. “Com o tempo, os personagens femininos também diminuíram. É mais uma questão: seria um preconceito?”
CASAMENTO
Além do filme, Adriana também falou sobre os dez anos de casamento com o também ator Vladimir Brichta e disse que o segredo para uma relação duradoura é o amor. “Amo ele profundamente”, derreteu-se. A comemoração já aconteceu. Eles viajaram para Araras, no Rio de Janeiro.
Ela diz que a melhor coisa de uma relação longa é a intimidade. “É tão bom você ter tanta intimidade com uma pessoa. Algo que talvez a gente só tenha com filho, pai, mãe… Você de repente tem com um parceiro que se torna a pessoa mais íntima da sua vida, mais até do que as pessoas que você tinha um laço sanguíneo ou de tempo, que você conheceu desde o início da sua vida. É muito bonito. O amor é capaz de fazer você preferir estar ao lado dessa pessoa mais do que qualquer coisa no mundo.”
Fonte: http://revistamarieclaire.globo.com/Celebridades/noticia/2016/03/prestes-estrear-em-mundo-cao-adriana-esteves-fala-de-personagem-forte-e-racismo-somos-atrasados.html