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‘Tapas & beijos’ se despede depois de cinco anos e deixará saudade

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“Tapas & beijos” chegou ao fim anteontem com o elenco num palco, cantando a música tema em regime de revezamento diante da equipe de bastidores. Foi alegre e com a dose de emoção que o programa de Cláudio Paiva dirigido por Maurício Farias conseguiu manter mesmo depois de cinco anos no ar. Antes disso, vimos os desfechos dos personagens. A dupla que estrelou lindamente a história, Fernanda Torres (Fátima) e Andréa Beltrão (Sueli), teve seu final feliz. Apesar das relações reatadas com Armane (Vladimir Brichta) e Jorge (Fábio Assunção), elas terminaram juntas para sempre e em Copacabana, como não poderia deixar de ser.

O bairro se manteve um dos melhores personagens da produção até o último minuto. A combinação de certas esquinas reais famosas reproduzidas (como o prédio redondo que fica na Avenida Copacabana perto do Lido) com um ambiente mítico, inventado, foi um trabalho da cenografia que merece ser lembrado. A série contou com um, digamos, “espírito geográfico” que foi também a sua essência. Graças a esse lugar que existe mas não existe, os personagens ganharam muito em credibilidade.

Parte do episódio final era previsível — mas, se fosse diferente, o público ficaria decepcionado. Então, a lanchonete de Seu Chalita (Flávio Migliaccio) fechou e deu lugar a uma loja de fast food. É o bairro que ao mesmo tempo em que se “moderniza” decai. Djalma (Otávio Müller) reatou com Flavinha (Fernanda de Freitas). Armane finalmente se separou da mulher para ficar com Fátima. A boate reabriu. Jorge voltou de São Paulo com saudades de Sueli e do neto. Fátima e Sueli falaram bastante no plural majestático (“Djalma, tivemos tanta raiva de você, mas já perdoamos”): a esta altura do campeonato, a aliança delas é um casamento inabalável. Coube a Tavares (Kiko Mascarenhas) o papel de Cassandra — a deusa grega com o dom da premonição, mas em quem ninguém acredita. Foi uma inspirada sacada dos roteiristas. Ele cantava a pedra dos próximos acontecimentos, mas não era levado a sério. Foi uma forma de rir da previsibilidade da trama.

Entre todos os seus méritos — e eles são muitos — “Tapas & beijos” teve um, fundamental. Quando estreou, o enredo girava em torno de duas solteironas que, por ironia, trabalhavam numa loja de vestidos de noiva. Elas assistiam à banda do relógio biológico passar, prisioneiras de relacionamentos sem futuro. Essa situação, por maior que fosse a imaginação dos roteiristas, era limitada. A uma certa altura, foi preciso abrir outras possibilidades para elas. Essa guinada trouxe algum prejuízo para o equilíbrio da comédia com a melancolia, um dos valores do programa. Mas o tropeço acabou muito bem contornado.

A série teve a mesma marca deixada por Cláudio Paiva em “A grande família” e retratou dramas humanos com sensibilidade. Os desfechos semanais desviaram da lição de moral, mas com suavidade. “Tapas & beijos” vai embora na hora certa, porque se esgotou, mas manteve a graça até o fim e ainda vai deixar saudades.

Fonte: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia/2015/09/tapas-beijos-se-despede-depois-de-cinco-anos-e-deixara-saudade.html?utm_medium=Social&utm_source=Twitter

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