Início Adriana Esteves Uma câmera na mão, uma tragédia na cabeça, Adriana Esteves.

Uma câmera na mão, uma tragédia na cabeça, Adriana Esteves.

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Adriana Esteves

 

Uma câmera na mão, uma tragédia na cabeça, Adriana Esteves.

A urgência da imagem em estado latente, quanto pior fica, melhor fica. ‘Canastra suja’ contém ferimentos empilhados, uma força visual sem saturação gratuita, um dentro que pede socorro e nós de fora, nós diante de um torneio de consequências. Não há tempo de chorar. Abreviando: uma obra sobre pichar a própria casa.

‘Evidências’ no videokê significa alguém rindo de alguma tragédia que já passou, quase sempre é, você lembra de algo amargo, dor de coração, e sorri abraçando o próprio amigo como se ele fosse o próprio passado sentado ao teu lado em plena sarjeta. Eu te amo. Eu também te amo. Auto-deboche. Evidências é sobre tudo o que veio antes e precisa acabar. Ou acabou. Ou não quer acabar. Nunca acaba essa crescente que é Marco Ricca.

Para onde vai o álcool. Para onde vai o álcool fomentando uma paternidade tóxica. Para onde vai o álcool fomentando uma paternidade tóxica em moldes patriarcais. Para onde vai Marco Ricca. Vai longe. Um plot twist. Dois plot twists. Odeio. Odeio mais. Odeio um pouco mais. Eu amo para onde vai Marco Ricca. O melhor Marco Ricca que eu já vi.

O espectro do homem frustrado parece designar o declínio moral do todo, cada personagem se olha no espelho é só consegue vislumbrar a maldição da imagem do pai. Todos assimilam e regurgitam suas gaiolas existenciais em vidas clandestinas. Todos precisam parir suas angustias em efeito anti-osmótico.

Das amargas camadas, um filme ultrareal e sem vermifugo. Entenda o ultra como um idioma visceral. A realidade não se basta sendo auto-explicativa, é um baita esfregão na cara. Aos saudosos de Cassavetes, abracem a vertigem, sintam o frio que há na nuca, esperem mais alma do que amor, tudo é ao vivo e à dores. A câmera epidérmica quer aprender na hora, se auto-didatiza do imediato,

Em tempo, o cinema percebeu que Adriana também funcionava na grande tela. Adriana que arrasou em Carminha. Adriana em ‘Justiça’. A gente olhava Adriana naquele horário das 11, no horário do elenco premium e algumas boas tentativas de cinema televisivo. Passamos então a imaginar Adriana maior do que ela. Adriana além do canal 5. Adriana é Adriana Esteves. Adriana é também do cinema (mal posso esperar por Mariguela).

Tudo dói sem sair sangue, dói pior, é cinema grego só que brasileiro. Uma palavra pesa mais que um tapa. A sociologia de uma narrativa começa a caducar. A dor não alcança um teto. Nem o chão a dor alcança. E agora?

E agora?

Um elenco bem distribuído em termos de divisão de espaço dramático, cada qual involui em seu centro de gravidade e então encontra o seu momento épico buraco abaixo. Dores com personagens dentro. Um filme-artesanato e Bianca Bin que eu mal sabia, funciona no além-polegadas.

Quem é um filme quando estamos arrebatados?

 

Fonte: Escrito por Eduardo Benesi: https://www.facebook.com/eduardo.benesi

 

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