Durante sua longa carreira na TV, Vladimir Brichta passou longe dos vilões. O único personagem que se mudou desse estereótipo foi o Remy, de ” Segundo Sol “. Agora, em Renascer, ele surgirá num papel que promete surpreender o público, o coronel Egídio. A foto acima é a primeira em que o ator aparece caracterizado para a novela das 21h, estreia da TV Globo nesta segunda (22):
— Remy era um vilãozinho. Tinha inveja do irmão, era amante da mulher dele. Já dá para chamar de canalha, dá para botar uma vilania. Mas Egídio, não. É um cara que deseja a morte, que assedia moralmente a mulher e os funcionários. Explora a mão de obra dos trabalhadores num esquema análogo à escravidão. Bota o cara na terra, e o cara começa a dever, não consegue pagar. Lamentavelmente, são os vilões modernos. De quebra, tente matar o José Inocêncio ( Marcos Palmeira ) . Alguém me disse se acho que ele vai se redimir. Eu disso é pouco provável.
O ator lembra a repercussão de seu primeiro trabalho mais realista na TV e aposta que, agora, viverá a mesma experiência:
— Eu me lembro de quando fiz meu primeiro trabalho mais realista na TV. Foi em “Justiça”. As pessoas falam muito do meu trabalho. Falei em casa para a Dri ( Adriana Esteves , sua mulher) : “Não estou fazendo um trabalho excelente, meu trabalho é bom, eu acho”. Mas as pessoas falaram muito. Repercutiu bem pelo inusitado, por eu estar numa linguagem que só quem vai ao teatro e ao cinema assistir aos meus filmes e peças consegue ver. Na TV, sempre explorei mais esse humor. Este novo trabalho também traz algo inusitado, no sentido de que é um vilão, numa novela realista, realista fantástica, né? É uma experiência nova, isso me encantou.
Brichta diz que, independentemente do papel, teria aceito o convite para “Renascer”, obra de Benedito Ruy Barbosa que está ganhando uma nova versão pelas mãos de Bruno Luperi , neto dele:
— Quando eu sondaram, não sabia se era para fazer a primeira fase ou a segunda. Tinha um papo de fazer só a primeira, mas já fiquei muito feliz. Quando eu soube da novela, por ser de Salvador e Itacaré, ou seja, da região do cacau, queria estar nela. Pensei: “Poderiam me chamar, pertenço àquele universo”. Quando o personagem vilão apareceu, claro que a animação foi boa.
O ator fará uma novela 20 anos depois de Adriana Esteves ter participado da primeira versão. Ela fez Mariana e já deu várias entrevistas contando que sofreram com as críticas recebidas. Brichta conta qual foi a ocorrência da atriz ao saber do convite para ele:
— Ela ficou muito feliz. Quando fui sondado, estava fazendo uma série ( “Pedaço de mim”, na Netflix ) . Fiquei tão feliz que queria dividir logo com ela. Ia ligar, mas pensei: “Não, é tão legal que você fale pessoalmente”. Quando contei, ela disse: “Que coisa boa, que maravilha, você tem que fazer”. Eu expliquei que ainda ia saber mais sobre o personagem, que teria um encontro com Gustavo (Fernández, o diretor artístico) . E ela: “Não, tem que fazer. Essa novela é boa, vai vir coisa boa para você. Ela ficou muito animada”.
Por conta das gravações, ele precisou deixar o elenco do “ Papo de segunda ”, do GNT. Apesar da passagem breve, as falas do ator no programa repercutiram, como uma em que ele elogiou Marco Ricca , ex-marido de Adriana e pai de Felippe Rica. Os atores decidiram a se envolver justamente na primeira versão de “Renascer”:
— Aquilo foi legal. Aproveitei para falar em público aquilo que a gente já fala no privado. Eu não tenho problema de falar, de opinar. Não tenho opinião sobre tudo, mas gosto de um papo. Gosto muito do programa e sempre assisto. Tive uma experiência muito feliz por ser ao vivo, não me incomodou, não me abriu. Fiquei realmente à vontade, me fez bem. Doeu um pouquinho sair, mas não dava para fazer junto com a novela.
Foto: Paulo Belote/Globo
Fonte: https://oglobo.globo.com/play/entrevistas/noticia/2024/01/20/vladimir-brichta-fala-do-papel-em-renascer.ghtml