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Vladimir Brichta fala do seu personagem na novela “Rock Story”

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Foto: Estevam Avellar

 

Por: Iraneth da Cruz

Apesar de ter nascido em Minas Gerais, Paulo Vladimir Brichta considera-se um autêntico baiano, uma vez que se mudou com a sua família para a Bahia aos quatro anos de idade, tendo, aos 6 anos de idade, se matriculado numa escola da capital baiana, onde começou a fazer parte do grupo de teatro amador da escola experimental Hilda Figueiredo.

Vladimir participou em várias novelas, séries e filmes, onde arrecadou alguns pémios como: Melhor Actor Revelação, Melhor Actor Coadjuvante, Melhor Actor de Seriado e muitos outros premios.

Depois de ter ficado dez anos ausente das novelas, em entrevista exclusiva ao Platina Line, o actor falou do seu novo personagem na nova novela da Globo “Rock Story”.

Platina Line: Como está a ser o seu regresso depois de 10 anos ausente dos ecrãs?
Vladimir Brichta: Muita coisa mudou nestes 10 anos. Eu estou a achar que está a ser melhor, talvez tenha que ver com a minha maturidade profissional e a experiência que acumulei, mas acho que também tem que ver com o desenvolvimento da televisão. Hoje trabalhamos com o mesmo equipamento com o qual se faz cinema, alimentamo-nos de referências de séries e, ao mesmo tempo, experimenta-se o folhetim, que é característico das novelas. Hoje as coisas evoluíram muito e estamos num lugar muito interessante em termos de linguagem, o que me agrada muito, e por isso sinto-me bem à vontade de estar de volta às novelas da TV.

Platina Line: Como é a passagem de uma humorada “Tapas e Beijos” para o registo de Gui em “Rock Story”?
Vladimir Brichta: Eu fiz bastante humor na televisão, desde que eu comecei em 2001, mesmo nas novelas. Depois passei um tempo longe das novelas, altura em que fiz séries de humor, como “História”, “Separação”, e depois de 5 anos “Tapas e Beijos”, e isso foi muito bom, mas também foi muito bom voltar a uma novela em que eu não sou responsável pela parte do humor. É óbvio que terá situações cómicas, mas eu não preciso lançar a mão da comédia e acho que o público também vai apreciar essa minha faceta.

Platina Line: Conte-nos um pouco do seu personagem em “Rock Story”?
Vladimir Brichta: “Rock Story” é uma novela que tem muito das novelas das 7 horas; um clima leve, mas, que ao mesmo tempo, tem elementos muito sérios, como a história do casal que não vai bem. É tudo muito musical e que acaba por trazer uma juventude muito talentosa na área da música. De uma maneira geral, a novela também fala da mudança de geração, através da relação da minha personagem com o filho dele, que acaba por assumir o posto de pai no mundo da música.

Platina Line: Já tinha uma ligação com a música na sua vida antes de participar na novela?
Vladimir Brichta: Já fiz alguns musicais em teatro, até na televisão fiz algumas coisas a cantar e sempre gostei muito! A parte de tocar é mais difícil, mas tenho feito aulas de guitarra e escuto música sempre que é possível, pois faz parte da minha vida.

PL: O seu personagem tinha um temperamento muito difícil, será que continua a ser o mesmo depois da chegada do filho na sua vida?
VB: Ele tem um temperamento explosivo, digamos assim, mas isso acaba por torná-lo uma personagem mais interessante. Alguns erros que ele comete devem-se à falta de tranquilidade, mas acaba por ser bom ver a curva de evolução do personagem, na medida em que quando o filho, já adolescente quase adulto, surge e ele tem que se tornar pai desse já homem praticamente, ele vai mudando o seu temperamento, vai amadurecendo e ocupando esse lugar de pai.

PL: Como foram as gravações das músicas?
VB: Eu queria cantar e tocar ao vivo, porém seria muito complicado, então só cantei ao vivo. A minha voz foi gravada ao vivo, mas para tocar na minha banda, tocámos em playback. Normalmente, você nem grava a voz no momento, visto que é muito difícil, então o que eu fiz já é um trunfo.

PL: Como está a ser a interacção com a nova geração de actores?
VB: Em geral, um jovem de 18 anos de idade interpreta e representa personagens dessa mesma idade, então se ele tem domínio sobre esses conflitos, óbvio que há mais probabilidade de ele se sair bem. É também óbvio que quanta mais experiência você adquire, mais você vai melhorar. Não podemos cobrar a um menino de 18 anos que ele tenha experiência de um homem de 40, mas entendo também quando falam de ter uma base, um estofo. O jovem não pode, em hipótese alguma, acomodar-se porque representa bem a própria idade. Essa geração comparada com a minha, por exemplo, é muito interessada, sabem uma porção de coisas.

PL: A sua preparação foi diferente da preparação dos novos actores?
VB: Em termos profissionais, há um grande crescimento, com aulas de canto, aula de dança, aula de voz e eu acho que tudo isso é um investimento muito importante e muito rico. A minha geração não se preparava para musicais, por exemplo, eles preparavam-se para actuar, não havia escolas para preparar os mais diferentes géneros; mas hoje tem. Essa turma vem com esse tipo de ferramenta já mais dominada. O que essa geração vai ter que fazer, uma vez que você tem tanto acesso aos recursos, é criar a individualidade de cada artista.

PL: Como é a sua personagem na novela?
VB: A minha personagem é muito boa, porque ao mesmo tempo que ele é maduro, ele é infantil. A presença e o sucesso do rival Léo Régis o deixam muito incomodado, é a reacção de alguém que tem o orgulho ferido. A música alimenta-se muito destas situações. Essa indústria mais massiva que arrasta multidões, ela também vive muito da juventude.

PL: Para interpretar um artista roqueiro, teve que usar tatuagens, brincos e outros adornos. Quanto tempo leva essa preparação e como foi a recepção da família?
VB: Demoram uns 20 minutos para aplicar as tatuagens que duram cerca de uma semana. Quando cheguei à casa, todo mundo estranhou. Eu tinha a orelha furada quando era mais jovem na Bahia, por isso tive de furar de novo. Em relação ao cabelo, o comprimento é meu, mas de lado tem mais volume.

PL: Em que roqueiro se inspirou para fazer esse personagem?

VB: O visual trouxe um pouco de Johnny Depp e depois descobri o Chris Cornell. Li a biografia do Nasi, do Dado Villa Lobos, do Kid Vinil. Ouvi música do género, mas sempre ouvi muito rock nacional. Contudo a minha praia é mais Caetano, Gil, Chico, Lenine, Arnaldo Antunes, mas também gosto muito do rock. Desta vez, resolvi saber o que tinha influenciado o rock nacional.

PL: A novela fala muito da vida do artista. Como encara a sua vida artística com a fama?
VB: Eu acho muito bom quando a gente fala um pouco da nossa profissão. Estou feliz de poder falar da fama e de uma forma geral, falar um pouco deste indivíduo, que busca trabalhar para o outro, entreter, alegrar e emocionar o outro. Quando você busca muito a fama, isso se perde. Pode até realizar esse benefício como artista, de mobilizar o telespectador, mas se você é muito movido pela vaidade, pelo desejo de fazer sucesso, de competir com o outro, pode perder o foco e a probabilidade de desconectar com o público existe. O papel do actor é também colocar-se no papel do próximo.

PL: Esteve 10 anos afastado das novelas, foi uma opção?
VB: Acho que sim! Foi uma opção. Quando terminei “Belíssima”, queria dedicar-me mais ao teatro, porque é de onde eu venho. Eu estava há alguns anos sem fazer teatro, fui fazer duas peças e de seguida uma série. Mais tarde apareceu o ‘Tapas e Beijos’ e fiquei durante 5 anos. Apesar de recentemente ter duas séries em cima da mesa, ‘Justiça’ e uma outra, eu li o guião de ‘Rock Story’ e fiquei encantado pela música e pela personagem.

PL: O público lhe cobrava o retorno?
VB: Cobrava! Quando eu fazia série, cobrava. Quando ‘Tapas e Beijos’ foi aquele sucesso e foi repetindo os anos, as pessoas pararam de cobrar, mas hoje em dia cobram mais o regresso da série.

PL: Como é a sua relação com o público mais novo?
VB: Noutro dia estava a gravar com o Nicolas, que tem 19 anos de idade, e veio uma menina e disse: “Tio, você pode tirar uma fotografia comigo?”. “Você me chamou de tio?”, eu disse. Isso remeteu-me a pensar um pouco. Por exemplo, tenho um público das senhoras, tenho um público mais jovem, por causa do “Tapas e Beijos”, e muitos adultos se divertem com o meu lado cómico. Agora, o adolescente quem vem acompanhando “Malhação”, conhece o Rafael Vitti, o Nicolas Prattes. Eu me remeto também ao meu começo na televisão, eu não sabia como ia chegar o meu trabalho às pessoas.

PL: Muitas pessoas se surpreenderam com a sua personagem em ‘Justiça’, era para mostrar que pode ir mais além?
VB: Na televisão tinha gente que falou que estava num tom diferente, mas era algo que eu já venho a fazer no teatro. São públicos diferentes, então para a minha carreira eu estava a usar um tipo de linguagem que eu frequento desde o início da minha carreira. Para o público da televisão, que me conhece só na televisão, claro que é novo. As pessoas falaram muito bem do meu trabalho e isso deixou-me super feliz e acho que fui beneficiado por não conhecerem o meu trabalho neste género.

PL: Como foi a relação com o Rafael Vitti na gravação?
VB: Faz parte desta geração nova que tem uma vontade e disposição muito grande. Esses jovens que estão aí têm méritos muitos específicos para estarem a ocupar esse lugar. Estamos a conseguir uma sintonia muito boa, acho que o quanto melhor a gente se der bem fora de cena e respeitar-se, melhor acontece em cena. Estamos a combinar um surfe um dia juntos, a gente tem que manter a harmonia para poder trabalhar melhor juntos.

PL: Como está a ser trabalhar com Nathália Dill?
VB: É a primeira vez que trabalho com ela. Já a conhecia porque temos amigos em comum, mas está a ser muito bom trabalhar com ela; já tem muita experiência. É bom voltar às novelas e ver que uma pessoa que viste a começar já com toda essa experiência. Ao mesmo tempo, ela tem um temperamento muito tranquilo, que é o que a personagem também traz, apesar dos momentos irritantes. Ela é uma pessoa boa, leve.

PL: Gosta de assistir a si mesmo em cena?
VB: Não! Quando está a passar eu vejo, vou ver a novela para entender tudo porque a gente só lê, não sabe como é que fica. Mas para ficar a rever não e nem gosto. Não sou pessoa de ficar a rever cena.

PL: Não tem medo do desgaste da sua imagem?
VB: Não, porque eu não apareço em tudo o que é canto, são coisas diferentes. Fazer duas novelas de seguida é muito desgastante em termos de imagem, é diferente do que estar numa série com vinte episódios como ‘Justiça’, mas de qualquer forma, são linguagens diferentes.

Fonte: http://platinaline.com/vladimir-brichta-fala-do-personagem-na-novela-rock-story/

 

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