Em virtude do lançamento de “Pedaço de Mim“, nova série brasileira da Netflix, Chico Barney teve a oportunidade de conversar com Vladimir Brichta. Ele é um dos protagonistas da trama, mais especificamente um dos canalhas que atazanam a vida da mocinha interpretada por Juliana Paes.
Trata-se de um instigante dramalhão com uma premissa que já chama atenção com poucas palavras: a personagem de Paes descobre que está grávida de gêmeos e cada um deles tem um pai diferente. Não é ficção científica: é algo raro, mas pode acontecer.
O que é trocar um bebê na maternidade, roubar um bebê, para um folhetim, comparado com isso, essa falha trágica, de uma figura que engravida de dois pais diferentes, que tem dois gêmeos dessa superfecundação heteroparental. Vladimir Brichta
Além da intrigante história em 17 capítulos que estreou na última sexta-feira (5) na Netflix, Brichta conversou comigo sobre alguns outros temas palpitantes.
As diferenças entre trabalhar para a Globo e as plataformas internacionais de streaming
A novela mesmo da TV aberta, são quase 200 capítulos. E a nossa série são 17 capítulos.
Isso difere completamente. A gente não precisa ficar reiterando nenhuma informação. A fruição do público é diferente. Ninguém vai perder nada. Quando você para para ver uma série, você vai sentar ali, se não der, você vai dar um pause, amanhã você volta. A gente sabe que aquilo tudo tá muito amarrado.
Quando você faz uma novela, mesmo uma novela super bem escrita e bem realizada, o público não se importa muito se ele perdeu (o capítulo) hoje, se ele perdeu amanhã. Aí se ele ouviu falar ‘puxa, teve uma cena muito legal’, ele até vai (assistir).
Hoje em dia tem disponível também na plataforma (de streaming), mas você sabe que o público não assistirá todos os episódios, portanto você reitera também, existe uma certa repetição. Isso muda muito para gente, para quem tá fazendo. Isso de fato é muito distinto. Tem um trabalho mais conciso.
As nuances dos personagens na dramaturgia contemporânea
Não precisa mais ser o super-herói com a capa para gostar do personagem. A gente gosta por ser falível, mais próximo de nós.
Os desafios do atual modelo de contratos dos artistas
A única coisa que a televisão não vai poder fazer é abrir mão completamente de pessoas conhecidas.
Quando a Netflix chama as pessoas que chamou pra fazer ‘Pedaço de Mim’, sabe que aquelas pessoas são sinônimo de um reconhecimento, de alguma qualidade e aquilo gera engajamento do público, gera um interesse, e entregará um resultado, provavelmente.
Essas pessoas que custam mais caro, elas custam mais caro por que ao longo do tempo elas entregaram uma porção de coisas, não é do nada. Esse equilíbrio vai ter que existir sempre. Vai abrir esse espaço pra gente talentosa que ainda não teve oportunidade.
O que costuma assistir no aconchego do lar
Não consumo muito TV aberta. O que não é dramaturgia, eu não vejo.
Além disso, também opinou sobre a produção de remakes no principal horário da Globo (“eu acho bom, não acho ruim, não!”) e muitos outros assuntos.
Foto: Reprodução Netflix