Fazer novela não estava nos planos de Vladimir Brichta para este ano. Mas o ator, que é baiano, mudou de ideia por causa do remake de Renascer. Ele vive um vilão daqueles, um homem ressentido e perigosíssimo que quer vingar a morte do pai, Firmino (Enrique Diaz). O ator afirma que interpreta os crimes e toda a perversidade de Egídio já pensando que o personagem precisa pagar caro pelo mal que faz aos outros.
Brichta não gosta de rótulo de vilão tachado na cara dos antagonistas, mas não tem como fugir dessa classificação no caso de Egídio. “A verdade é que, se fosse na vida real, ele seria um canalha. Eu diria que ele é um cara perverso, não tem como defender esse indivíduo”, diz o intérprete de 47 anos.
O personagem se chamava Teodoro e foi vivido por Herson Capri na versão original de Renascer. A mudança de nome e de outros traços no comportamento no dele no remake foi decidida pelo autor Bruno Luperi, mas ele continua sendo movido pela inveja que sente de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) como era na trama de 1993.
Trata-se de uma pessoa que explora mão de obra e assedia moralmente e sexualmente as mulheres, além de ser um marido tóxico. “Esse cara é um cara execrado mesmo. Então, eu adoro o personagem enquanto personagem. Já se fosse um indivíduo, aqui [na realidade], eu não daria nem bom-dia.”
Para Brichta, é importante ter um homem assim no folhetim para abordar valores e costumes. Egídio entra na segunda fase na novela, no ar a partir da terceira semana de exibição de Renascer. Sabe-se que ele largou os estudos na faculdade de Direito em Salvador para assumir os negócios do pai, que era um coronel agiota. Ele é casado com Dona Patroa (Camila Morgado).
“Essas figuras que fazem parte das oligarquias… [Ele] Representa um pouco isso. Esse é um personagem que eu pretendo fazer e defender no viés humano, mas eu pretendo que ele pague pelos excessos, pelos abusos”, comenta o marido de Adriana Esteves. A atriz fez Mariana na versão original da trama; agora, a personagem será interpretada por Theresa Fonseca.
Egídio deseja muito se vingar de José Leôncio, pois supõe que foi o empresário quem matou Firmino. Brichta adianta que o personagem inveja a capacidade de José Inocêncio de produzir cacau com dignidade, com pessoas motivadas, coisa que ele não consegue fazer.
O ator conta que conheceu uma pessoa de Ilhéus (região onde a saga rural é ambientada) que era do elenco de apoio da primeira versão de Renascer. As histórias dela o impactaram de maneira gigantesca. Em 1993, ele já estava fazendo teatro –ele se define como baiano de Itacaré-Salvador–, e não assistiu à trama. Estar no elenco do remake, para ele, é maravilhoso porque é uma oportunidade de contar a história de sua terra.
“Eu conheço esse indivíduo [o Egídio], eu conheço esse ambiente, e isso faz com que eu me aproprie com mais naturalidade, o que é um benefício como ator. Nem sempre a gente tem de se valer disso, é muito bom também poder fazer o papel de um marciano; mas, quando está mais próximo da gente, a gente se beneficia”, conclui.
Renascer foi criada por Benedito Ruy Barbosa e exibida originalmente pela Globo em 1993. A adaptação da saga rural é feita pelo neto do autor, Bruno Luperi, e sua estreia acontecerá no próximo dia 22, no lugar de Terra e Paixão.
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