Vladimir Brichta já fez muita coisa na TV, no cinema e no teatro e, sem sombras de dúvidas, possui talento raro para ter o timing do humor e do drama. Ao ser escolhido para interpretar um dos protagonistas de Quanto Mais Vida, Melhor, ele teve a “ingrata” missão de ser o mocinho. Tradicionalmente, os bons moços são chatos, sem cor e que passam despercebidos pelo público. Não é o caso de Neném e isso se deve muito ao talento de Vlad.
Mauro Wilson está sabendo conduzir o personagem de forma solar, colocando-o em situações de humor e romance na medida certa. No entanto, Brichta criou trejeitos cômicos para suavizar o tom bonzinho e romântico, transformando-o numa espécie de boa praça carioca.
Só que o ponto auge do ator ocorreu na última semana. Com a missão de interpretar Paula Terrare, assustadoramente, ele conseguiu pegar todos os trejeitos de Giovanna Antonelli. Um trabalho que raramente tem acontecido na TV brasileira, já que os autores pouco ousam e oferecem oportunidades aos artistas.Giovanna Antonelli criou uma personagem cheia de tipos, o que dificultaria muito o trabalho de Brichta – e vice-versa – mas o ator não tomou qualquer conhecimento da dificuldade. Os gestos, o tom de voz e olhar de Paula Terrare estão no “corpo” do Neném.
Daqui 10, 20, 30 anos esse trabalho será lembrado. Não apenas de Vlad, o destaque da semana, mas também de Antonelli. Valentina e Solano. Quanto Mais Vida, Melhor é um novelão. Sorte dos atores que ganharam esse presentão. Sorte do autor e diretor que possuem esse quarteto em cena. Sorte do público com esses trabalhos.
Foto: Estevam Avellar/Globo