Um dos grandes antagonistas de Segundo Sol, próxima novela das 21h da Globo, Vladimir Brichta não pensa duas vezes antes de definir Remy como um tremendo mau-caráter. Nascido em Minas Gerais, mas baiano de coração, já que se mudou para a Bahia com os pais aos quatro anos de idade, o ator está bastante à vontade por poder falar com o sotaque da terra pela qual tem enorme paixão.
Além disso, a trama de João Emanuel Carneiro tem um ingrediente a mais para deixar o ator feliz: trabalhar ao lado de sua esposa, Adriana Esteves, que vive a vilã Laureta. Brichta conversou com o Metrópoles sobre o novo desafio.
Como é o Remy?
Ele é um tremendo mau-caráter! Há muita gente na novela com personalidade duvidosa, mas três personagens são terríveis e não há como defender: Karola (Deborah Secco), Laureta e Remy. Vivo um irmão invejoso. Não o defendo, mas entendo a formação dele, um cara extremamente incomodado com a estrela, o brilho e o carisma do Beto (Emílio Dantas).
Qual a origem desse comportamento?
Como o Remy é o mais velho dos irmãos, achou que os pais e o mundo pertenciam a ele. Então, conforme os outros foram nascendo, as atenções tiveram de ser divididas – um deles, o Beto, passou a cantar lindamente. Isso pesou. Ele é enlouquecido em relação a esse irmão. Quer matá-lo, tirar a mulher dele. Já sugeri, mas ainda não acataram, que o Remy faça aulas de canto escondido!
Como está sendo a experiência de voltar a atuar ao lado de sua mulher, a Adriana Esteves?
Desde 2003, quando atuamos em Kubanacan, só fizemos um filme: Real Beleza (2013), de Jorge Furtado. Uma novela é como um transatlântico atravessando o oceano. Então, a gente está redescobrindo um pouco a dinâmica do casal e da casa estando juntos. Mas há uma coisa muito gostosa: a Adriana sempre participou dos meus trabalhos e eu dos dela, estando presente ou não. É algo precioso para nós. Além disso, o Remy e a Laureta têm uma história antiga na novela.
Você é mineiro, mas cresceu na Bahia e se considera baiano. A equipe da novela pediu muitas dicas a você a respeito de onde ir?
Dei alguns toques sobre isso. Lugares que já são clássicos, tradicionais. Por exemplo, ir ao Largo da Mariquita comer acarajé ou ao Porto da Barra. Depois de 17 anos distante, perdi um pouco as referências, muita coisa mudou. Mas estou aproveitando a novela para resgatar minha adormecida relação com Salvador. A equipe ficou muito impressionada, pois a cultura lá é bastante rica.
Você se sente mais à vontade por poder falar com o sotaque baiano?
Sim, sinto-me mais confortável. É claro que me beneficio do fato de ter crescido, me formado na Bahia, com sotaque. Eventualmente, a gente se segura, pois preciso pertencer a todos os lugares, mas é uma delícia falar como aprendi e resgatar as gírias do passado.
Quais as gírias que você resgatou?
“Rei”, “escute”, usar o diminutivo e o gerúndio, como os baianos fazem muito. Todos dizem “pequenininho”, ou falo que “tô correno” – sem o “d” mesmo. Outro termo é “tá rebocado”, que significa “com certeza”. (Risos)