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Vladimir Brichta sobre união e solidariedade com Adriana Esteves

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Foto: André Wanderley

Na tarde de domingo no Rio, faz calor e Vladimir Brichta conseguiu uma rara programação da gravação de “Renascer”, da TV Globo. Apesar disso, ele ainda precisa estudar. “Ritmo de novela é assim”, diz, brincando, ao receber a equipe de ELA. Quem vê o ator de 48 anos como o coronel Egídio, vilão da trama das nove, ou o obcecado advogado Tomás, da série “Pedaço de mim”, da Netflix, pode se surpreender positivamente.

Doce, de fala mansa e acostumado a ser visto em papéis mais leves, cômicos ou na pele de galãs, como nas novelas “Kubanacan” (2003), “Rock story” (2016) e “Quanto mais vida, melhor” (2021) , e na série “Tapas & Beijos” (2011), Vladimir precisou ativar seu lado B para colocar a crueldade em cena, na pele do Coronel Egídio, de “Renascer”, e Tomás, de “Pedaço de mim”. “Acessei lugares obscuros, porque todo mundo é capaz de tudo: de ser egoísta, mesquinho ou cruel. Mas aprender o que é civilidade”, analisa.

Mineiro de Diamantina, criado entre Salvador e Itacaré, filho do geólogo e ativista ambiental Arno Brichta e da veterinária Carmem Barros, Vladimir viu as relações mais importantes de sua vida nascerem e se entrelaçarem no meio às artes. Apaixonado pelo teatro, consolidou uma longa amizade com Wagner Moura e Lázaro Ramos. Os atores chegaram juntos ao Rio com o espetáculo “A máquina” (2000), dirigido por João Falcão. Casado há quase 20 anos com a atriz Adriana Esteves, a história de amor começou em 2004, dois anos após terem contracenado na novela “Coração de estudante”. “Eu e ela não somos pessoas difíceis. Mas, ainda assim, temos nossas próprias vontades. Isso é difícil de negociar. Casamento é lugar de concessão”, afirma, ao refletir sobre a longevidade da relação.

Pai de Vicente, de 17 anos, da união com a atual mulher, de Agnes, de 27, do relacionamento com a atriz Gena Karla, morta em 1999, e padrasto de Felipe, de 24, filho de Adriana com o ator Marco Ricca, a história de Vladimir também está marcada pela superação. Precisou amadurecer cedo, em meio ao luto, e ainda batalhar judicialmente pela guarda de Agnes com a avó materna. Na época, a menina tinha apenas 2 anos. Mesmo em meio a tantas adversidades, o ator nunca teve a pretensão de achar que se tornou alguém melhor. “Existem pessoas com histórias piores do que a minha. Tive um senso de responsabilidade muito novo, mas meus valores continuaram os mesmos.”

Confira os melhores trechos da entrevista a seguir:

ENERGIA DOS VILÕES
“Resgatei o lugar da falta de empatia, vendo como esses indivíduos transitam, e fiz sem medo. Obviamente, experimento sentimentos difíceis, tenho impulsos, mas é trabalho. Podemos cometer atos de vilania sem ter noção disso. O egoísmo e a ambição, por exemplo, podem se tornar cruzeiros para o próximo. Mas sou avesso à ideia de que os atores são profundamente afetados pelo personagem, não é isso que é uma mística. Tem um pouco de amadorismo e cafonice nesse jeito de pensar.”

SEM REDES SOCIAIS
“Sou livre sem elas. O que mobilizar as pessoas é uma curiosidade da vida alheia. Também sou curioso, assisti a documentários biográficos de nomes que admiro, como Paul Newman, Chico Buarque, Caetano Veloso e Marlon Brando, mas gastei duas horas com isso. Se eu estivesse nas redes sociais, sei que elas iriam me aprisionar. ”

CASAMENTO DURADOURO
“O que ajuda é estarmos, ambos, no terceiro casamento. Eu recomendo que se casem mais de uma vez (risos). Já tivemos outras experiências, e manter uma relação aos 40 ou 50 é mais fácil. O que é difícil é negociar com o desejo do outro. É preciso estar disposto. Mas temos uma harmonia gigante.”

LUTO E LUTA PELA GUARDA DA FILHA, AGNES
“Tive que dar conta da Agnes. Minha família chegou junto emocionalmente, me senti acolhido e protegido. Na época, tive dois encontros com um terapeuta, mas não fiz terapia. E também não tenho religião. Apesar de ter sido cobrado cedo pela vida, não me tornei alguém melhor, porque meus valores reforçaram os mesmos.”

DEDICAÇÃO AO RELACIONAMENTO
“Se me exigem um cuidado, eu dou conta, até porque meu impulso tem a ver com isso, costumo atender às expectativas. Caso a Adriana quisesse um parceiro para correr uma maratona, eu, por querer dar conta, me tornaria um triatleta (risos). Mas a Dri é superdespachada, e para ser justo, não me lembro de ter sido paternal em algum momento.”

SEXO EM CENA
“Negócio com o desconforto. Beijo, abraço, fico exposto, é parte do trabalho. Em cena, fazemos um retrato do indivíduo, e ele faz bem aos outros, faz mal, sente fome, sono e também tesão. Eu sempre dou conselho aos casais para não brigarem na frente dos filhos. Porque as pazes você faz as portas fechadas, transando gostoso, e eles não veem. Contar isso é absolutamente natural.”

INFLUENCIADORES NA TV E NO CINEMA
“É uma tendência que veio para ficar, mas talvez tenha menos impacto com o passar do tempo. Não acredito que todo filme preciso de gente tenha muita influência nas redes sociais para que um trabalho seja um sucesso. Outro ponto é que a narrativa das histórias é diferente na internet.”

RELAÇÃO COM OS FILHOS
“Vicente quer estudar Cinema, Agnes, que já mora sozinha, fez Psicologia, mas quer ser atriz, e o Felipe fez Direito. Todos acabaram enveredando para o caminho dos pais. A gente se ajuda, se estimula, se curte, mas os crio para serem pé no chão. Nosso círculo de amigos tem Wagner Moura, Lázaro Ramos, Tais Araújo, há também o Marco Ricca (ex-marido de Adriana e pai de Felipe), pessoas inegavelmente bem-sucedidas. Ser ator é isso, mas não só. Se eles acham que os valores que nos norteiam é só o Oscar e trabalham na Globo, há uma grande chance de se frustrarem.”

UM HOMEM PROGRESSISTA
“Fui educado por pais vanguardistas, de mentalidade emancipada. Certamente, já tive atitudes machistas, mas cresci com meus pais sinalizando o que era errado. Então, não carregue a culpa de ter feito alguma atitude abusiva. Não é não, antes mesmo de virar slogan. Detestava ser rejeitado, mas se convidasse uma menina para dançar, ou tentava beijar no carnaval, e ela dizia não, voltava com o rabo entre as pernas e ia para a próxima.”

TEATRO PARA ACALMA AGRESSIVIDADE
“Eu era uma criança muito briguenta, convidada a me retirar da sala ou da escola (risos). Tinha dificuldades em domar impulsos. E o teatro é um exemplo claro de como você pode canalizar sua energia, assim como no esporte. Talvez, a separação dos meus pais, aos meus 4 anos, tivesse algo a ver com isso, assim como as próprias cobranças escolares.”

ETARISMO
“Claro que é difícil, mas incomparável: o homem fica grisalho e tem charme e sabedoria. A mulher é vista como recaída e descuidada. Por outro lado, a indústria do entretenimento festeja e se vale da juventude. E, quando deixamos de ser jovens, isso muda o jogo, você corre menos no campo, fica escanteado e claro que isso nos afeta.”

SURFE COMO HOBBY
“Surfo com pouca frequência, ainda mais gravendo novela, mas é uma válvula de escape. Na água, obrigatoriamente, você está em contato com a natureza, e isso faz um bem tremendo. E eu não tenho necessidade de desempenho.”

FAMÍLIA POLITIZADA
“Cresci em um ambiente politizado. Meus pais se conheceram em São Paulo e foram morar em Salvador. Em 1976, meu pai, que era professor universitário, foi perseguido, tinha amigos na clandestinidade e acabou preso. Fui feito na cela sete, em uma visita íntima (risos). Quando ele saiu da cadeia, foi trabalhar em um instituto de Geologia em Diamantina, onde nasceu. Um ano depois, moramos na Alemanha, para ele fazer um doutorado. Aos 4, voltamos para o Brasil.”

 

 

Fonte: https://oglobo.globo.com/ela/gente/noticia/2024/08/02/vladimir-brichta-avalia-cenas-de-sexo-e-revela-segredo-de-casamento-duradouro-com-adriana-esteves.ghtml

Foto: André Wanderley

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