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Vladimir Brichta surpreendeu ao fazer questão de criar a filha

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Vladimir Brichta Amor de Mãe
Foto: João Cotta

Antes mesmo de estrear “Amor de mãe”Vladimir Brichta recebeu um preocupado conselho de seu pai, Arno. Ciente de que o filho iria dar vida ao ambientalista Davi, o geólogo disparou: “Não deixa virar caricatura, não!”.

— Ele me deu uma chamada (risos)! A família é exigente, mas eu pensei: “Espera para ver”. Meu irmão, Maurício, que é biólogo do Ibama e dedica a vida a combater a extração ilegal de madeira, disse que seus colegas estão gostando bastante e curtiram a cena em que Davi salvou uma tartaruga presa numa embalagem plástica. E olha que eles viram mesmo estando no interior de Minas Gerais, no meio de um processo real de combate a uma ação predatória do homem: o desmonte de um cativeiro de animais silvestres. Bateu de um jeito legal, principalmente para esse público, que poderia se identificar ou rejeitar. Por enquanto, passei no teste (risos) — brinca o ator de 43 anos.

Além das inspirações para Davi virem de casa, principalmente do irmão, Vladimir conta que o personagem tem muito do biólogo Mário Moscatelli, “um cara superidealista, que replantou o manguezal da Lagoa Rodrigo de Freitas. Um exemplo incrível”. Para compor o papel, o ator emagreceu nove quilos e alongou os fios:

— Vi o filme sobre a origem do Greenpeace, todas as pessoas da década de 70 tinham um perfil mais magro, os caras ficavam embarcados muito tempo, e a alimentação era péssima. Eram uns fiapos de gente, além de fumarem muito na época. Achei que essa figura interessava. Claro que estamos em 2019, posso ser um ambientalista marombado. Mas para mim Davi tinha outra cara. O cabelo também surgiu de forma bacana e concordei total.

Se a preocupação com o meio ambiente já estava no seu dia a dia desde novo, o ator afirma que “Amor de mãe” o fez ter mais consciência de seu papel do mundo.

— A gente precisa saber manejar nossos recursos, que não são infindáveis. Estou mudando a questão do consumo. Não há necessidade de comprar tanta roupa. A gente não tem que deixar de andar de carro, mas ter um menos poluente, usar transporte coletivo eficaz eventualmente, andar de bicicleta ou a pé… A questão do reciclado também… Lá em casa há muito tempo existe e estou cada vez mais atento a isso. São pequenos gestos, mas, se todo mundo fizesse, isso se tornaria uma enormidade — discursa.

Vladimir testemunhou, durante uma gravação, o que a força da coletividade é capaz de fazer:

— Estávamos gravando uma cena numa praia perto do Fundão, na Baia de Guanabara. A equipe de arte levou um monte de lixo plástico, espalhou tudo amarradinho para o mar não levar nada. Mas era uma praia muito suja também. Então, depois que acabamos, tiramos o lixo cenográfico, mas, no embalo, continuamos a catar a sujeira real, porque ainda tinha muito plástico. Foi emocionante ver todo mundo empolgado prestando esse serviço e proporcionando um benefício real à praia, que ficou visivelmente melhor.

A simbiose entre Vladimir e Davi é tamanha que ultrapassa a questão da consciência ambiental. O próprio ator, inclusive, chega a afirmar que “cada vez mais o personagem se confunde com a própria história”. Tanto que ele se viu na atitude do biólogo quando ele não titubeou em assumir a filha, Sofia, que terá com Vitória (Taís Araujo). Mesmo com a advogada esperando o contrário dele, por conta de mal se conhecerem e só terem tido uma noite juntos.

— Guardadas as devidas proporções, também passei por uma coisa parecida. Eu e Gena, mãe biológica de Agnes, namorávamos há três meses quando ela engravidou. Foi um acidente, não fazia parte dos planos, mas eu agi dizendo: “Sou o pai, vamos lidar com isso”. Claro que tinha um afeto bem maior do que o personagem tem por Vitória. Porém, também tive que lidar com a surpresa e fiz o que era o certo. Davi age da mesma forma. É o correto a se fazer. Pai tem que exercitar a paternidade, estar presente. Melhor que seja de forma espontânea e com amor, porque é maravilhoso ser pai — afirma.

Na vida real, a admiração de muitos veio com a luta do artista para criar a filha, hoje com 22 anos, que tinha apenas 3 quando a mãe morreu, aos 28, vítima de porfiria (doença que ataca os glóbulos vermelhos e põe em colapso o metabolismo do corpo).

— Notei surpresa das pessoas. Eu tive o despacho de uma juíza aqui no Rio chamando atenção para isso. No meio de tantos pais que a Justiça persegue para que ocupem o lugar deles, eu fui até a Justiça para que ela me desse o direito a exercer a minha paternidade. E isso, na época, chamou muita atenção, ainda mais por eu ser muito jovem (ele tinha 23 anos quando Gena morreu). Muita gente me abordou, tive convites para fazer parte de grupos e campanhas em favor de paternidade responsável. Cheguei a ganhar menção honrosa da Comissão de Direitos Humanos sob esse argumento, prêmio que guardo com muito carinho. Minha briga na Justiça era com a avó materna, que não tinha direito nenhum de ter a guarda de Agnes. Tem o direito de visitar, de ser avó, não de ser pai e mãe. Em relação à novela, essa situação pela qual passei acaba virando um motor a mais de identificação — constata.

E ninguém melhor que Vladimir para falar sobre identificação, principalmente com a mulher, Adriana Esteves, que faz hoje 50 anos. Na quinta trama ao lada mãe de Vicente (seu filho com o ator) e Felipe (do casamento com Marco Ricca), Vladimir diz que, desta vez, não devem contracenar como em “Segundo sol”.

— Até agora, li uma cena em que Davi e Thelma se encontram. Mas nada demais. Adriana até disse: “Ah, não vou nem olhar pra você”. As pessoas gostam, né? Tem uma coisa definitiva que faz com que estejamos juntos nos trabalhos. É que falamos a mesma língua. Se uma novela me interessa, vai interessar a ela também. Isso tende a nos unir mais. Nos chamam não só para explorar o casal, mas entendem que estamos na mesma sintonia, nos comunicamos de forma parecida — acredita Vladmir, que se diverte com o fato de fazer par com Taís Araujo, mulher de um de seus melhores amigos, Lázaro Ramos: — Todo mundo pergunta (risos). Somos muito íntimos, a ponto de termos um grupo no WhatsApp só do quarteto. Mas só encontrei Lazinho uma vez depois da estreia. E ele ia fazer uma participação na história como Paulo, marido da Vitória (Fabricio Boliveira acabou fazendo). Teria sido mais motivo de risadas e brincadeiras.

 

Foto: João Cotta/TV Globo

Fonte: https://extra.globo.com/tv-e-lazer/como-em-amor-de-mae-vladimir-brichta-surpreendeu-ao-fazer-questao-de-criar-filha-rv1-1-24138278.html

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