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Vladimir Brichta: “Todo trabalho artístico gera impacto”

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Depois de passar os últimos anos sendo o cômico Armane de Tapas & Beijos, Vladimir Brichta vai explorar um outro lado da dramaturgia na pele do traficante Celso, de Justiça, que estreia dia 22 de agosto, depois de Velho Chico, na Globo.

Na trama escrita por Manuela Dias, ele começa vendendo drogas, ao mesmo tempo em que mantém um quiosque na praia. Já na segunda fase da minissérie, o personagem abre um prostíbulo em que tem Maurício (Cauã Reymond) como sócio. Além disso, o ator está se preparando para as gravações da novela Rock Story, em que viverá o protagonista Guilherme, um músico decadente e temperamental.

Na entrevista a seguir, Vladimir fala sobre Justiça; conta como foi voltar a contracenar com a mulher, Adriana Esteves, na tevê; adianta como será seu personagem em Rock Story, novela que substituirá Haja Coração e sobre seus dois novos filmes, Um Homem Só e O Rei das Manhãs.

Justiça vem com um novo formato. A cada dia da semana uma história será contada. O que você achou disso?

Acho bom. Tem um exercício de estilo que é legal e interessa ao público. Vai despertar curiosidade. Além disso, o fato de a gente apresentar uma mesma cena, sobre pontos de vista distintos, em dias diferentes, mostra que cada um tem o seu senso de justiça. Uma pessoa pode achar que a outra que passou sete anos na cadeia já cumpriu sua pena. Mas, talvez, para a pessoa que foi vítima, esse tempo foi insuficiente. Então, a gente tem opiniões diferentes sobre o que acontece. Nosso senso de justiça, além do coletivo – que é pautado no âmbito jurídico – de alguma forma é valorizado na série.

De que história o Celso faz parte em Justiça?

Celso é um traficante, que, na primeira fase, é dono de um quiosque pequenininho na beira da praia. Ele se envolve com a Rose (Jéssica Ellen), que está fazendo 18 anos e é pega com as drogas que ele vendeu. Ela estava em uma festa e acaba sendo presa como traficante por ser negra. Há preconceito racial mesmo por parte do policial. Sete anos se passam, então ele tem um quiosque melhor, é dono de um prostíbulo e a Rose sai da cadeia. O Celso tem uma fixação por ela.

Você mudou o visual por causa do personagem?

Sim. O Celso é um traficante, tem um prostíbulo, tem uma coisa meio soturna nessa figura. Mas, por ser na beira da praia, eu podia dar uma imagem solar para fazer um contraponto. Eu investi nisso, sugeri clarear o cabelo e o Zé (José Luiz Villamarim, diretor) adorou a ideia. Nunca tinha usado isso na tevê. Então, valeu a pena.

Em Justiça, você volta a contracenar com a sua esposa, Adriana Esteves. Como foi esse reencontro?

Foi muito bom. A gente realmente se ajuda. Continuo um profundo admirador do trabalho dela. Depois de dez anos, voltamos a contracenar. A gente tinha feito um filme do Jorge Furtado, mas na tevê a gente realmente não tinha feito mais nada depois de Kubanacan (2003). É algo muito curioso: estamos no mesmo projeto, mas só temos uma ou duas cenas juntos. A gente se fala uma vez só. São histórias distintas e as nossas não se cruzam muito, apesar de a filha da personagem dela trabalhar no prostíbulo do Celso.

Vocês costumam falar de trabalho em casa?

Quando chego em casa e falo das cenas que gravei, ela fala sobre as dela. Temos muito para trocar. Talvez nós, nesses dez anos em que ficamos desencontrados, nunca tenhamos falado tanto sobre trabalho quanto nesses últimos tempos. É bom para a relação, mas tem a hora de parar, colocar um filme, sair com os amigos, namorar. Tem o momento para tudo isso. Antes de ser marido dela, eu era um grande admirador. Então, não tem como ignorar o fato de que ela faz um grande trabalho e a recíproca é verdadeira. A gente realmente se importa com o que o outro faz, gosta do que o outro faz, mas também critica. É saudável. Não competimos, vibramos um com outro.

As histórias de Justiça são muito próximas da realidade. Para você, a série instigará uma reflexão no público?

Tem bastante proximidade com fatos reais, mas não é exclusivo dessa minissérie. Eu acho que o nosso trabalho, a dramaturgia – que seja a teledramaturgia, cinema ou teatro – tem esse poder de trazer assuntos para reflexão. Principalmente porque o papel da arte é fazer com que a gente desenvolva empatia. A arte é subjetividade. Ter empatia é o primeiro passo para a gente evitar o caos, esses momentos extremados que a gente vive. Então, de alguma forma, mesmo essa minissérie tendo temas mais específicos, mais próximos do cotidiano, todo trabalho artístico gera algum tipo de impacto. Seja racional ou emocional, ele estimula o exercício da empatia.

Além de Justiça, você está no elenco de Rock Story. Como é retornar às novelas como protagonista?

É diferente. É uma novela das sete. É musical. O personagem é um popstar, um roqueiro meio decadente. Ele é talentoso, mas é temperamental, quebra tudo, dá porrada… Na novela, eu canto e toco. Aí tem um filho que meu personagem reconhece jovem e resolve fazer uma boyband com ele porque o garoto é muito talentoso. Então, tem uma molecada jovem, que é uma galera muito animada. Já estou fazendo a preparação, umas aulas de canto, de guitarra, porque só toco violão. E é isso. Já estou lá e cá. A novela estreia em novembro. Na trama, o rival do meu personagem é o Rafael Vitti e o meu filho será o Nicolas Prattes.

Em breve, você estará em cartaz no cinema com o filme Um Homem Só também. Sobre o que é exatamente?

É um filme da Claudia Jouvin. No elenco estamos eu, Mariana Ximenes, Otávio Müller, Milhem Cortaz, Eliane Giardini. É uma comédia independente. Meu personagem se chama Paulo e está em conflito. Então, aparece alguém falando para ele fazer um clone. Esse homem fala para ele botar um clone na vida medíocre que acha que tem, enquanto vai ganhar o mundo. É uma história de amor divertida.

Você já gravou o filme O Rei das Manhãs em que vive o Bozo?

Filmei no final do ano passado. Eu assistia muito mais a Xuxa que ao Bozo na minha infância. É um cara que é um vetor de força, destinação, nas raias da loucura. Ele é completamente anárquico. Isso estava presente no roteiro. Foi um projeto grande. Foram três meses de realização. Eu fui no circo, ensaiei de palhaço, fiz número, me preparei para isso. Eu emagreci uns oito quilos. A gente vai ver o Bozo consumindo muita cocaína no filme. Não vou contar mais, senão vão arrancar minha orelha, mas deve estrear no ano que vem.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/cultura/noticias/1793947-vladimir-brichta-todo-trabalho-artistico-gera-impacto

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