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Volta de Vladimir Brichta às novelas

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Como está sendo para você esse retorno às novelas?

“Pois é. Dez anos depois… Desse tempo para cá, muita coisa mudou. Eu estou achando melhor. Seja talvez por causa de minha maturidade mesmo profissional. E a experiência que eu acumulei. Acho que tem a ver mesmo com o próprio desenvolvimento da televisão em si. Hoje em dia trabalhamos com o mesmo equipamento que se faz cinema. A gente se alimenta com referências de seriados, de séries. E, ao mesmo tempo, também experimenta os folhetins clássicos. Que é característico das novelas. Hoje as coisas evoluíram muito. Em termo de linguagem, está em um lugar bem interessante. Isso me agrada muito. Eu me sinto bem à vontade hoje, voltando às novelas nesse momento da TV.”

Durante esse tempo fora dos folhetins você focou no humor. Esse tipo de gênero agrada você?

“Curiosamente eu fiz bastante humor na televisão. Desde quando eu comecei aqui em 2001. Mesmo nas novelas eu estava envolvido ali no núcleo cômico. Eu passei dez anos longe das novelas, mas estava fazendo séries de humor. Eu fui bom porque é um universo que me agrada. Eu gosto de fazer. Eu acho que eu sei fazer aquilo. Mas foi bacana voltar a uma trama na qual eu não sou responsável pela parte do humor. Isso é legal também para o público da TV que me acompanha bastante tempo, eles vão me ver de outro jeito, em outro gênero. Isso é uma troca boa, saudável.”

Pode falar um pouco da novela?

“Essa trama tem muito de novela das sete. Além de ter muita musica. Isso traz um frescor muito bom para a trama. E traz uma juventude de muito talento, muito envolvida com música. A novela também fala um pouco da mudança de geração. Eu acho isso bem bacana. Acho que está bem abordado na novela.”

Como é a música na sua vida?

“Eu sempre gostei. Já fiz alguns musicais no teatro. Já cantei no teatro, já fiz algumas coisas na TV cantando. Agora na parte de tocar eu acho um pouco mais difícil. Eu toco um violão bem fajuto. Tenho feito aulas para me aprimorar. A música é muito presente. Eu ouço música sempre que possível. Eu cantarolo quando estou feliz. Triste não cantarolo, não.”

Seu personagem tem o temperamento bem briguento, né?

“Ele tem um temperamento mais explosivo. Que eu acho que brinca um pouco com esse estereótipo do roqueiro. Eu acho isso muito rico para o personagem que faz ele ser muito impulsivo. Isso o torna mais interessante. Os erros que ele acaba cometendo é mais pela impulsividade dele. É falta de tranquilidade. É bacana fazer isso, que dá para ver a curva do personagem. Ele vai mudar um pouco, porque ele vai se tornar pai de um filho já adolescente. O temperamento dele vai ser afetado também. Enfim.”

No intervalo das gravações a gente ouviu uma musica com sua voz. Como foi?

“Sou eu mesmo! Essa música é abertura do primeiro capitulo. O nome da música é ‘Nossa Hora’. Eu gravei numa boa. Na verdade, eu queria tocar e cantar ao vivo. Mas seria muito complicado. Eu só cantei ao vivo. A voz foi gravada ao vivo. Mas pra tocar não. Eu queria ter tocado e cantado. Mas não fui capaz.”

Como foi a sua preparação no inicio da carreira? É parecida com a dos dias atuais?

“Eu não tive essa preparação no início de minha carreira. Hoje os novos atores têm um aparato muito grande. Isso facilita bastante. Eu acho essa geração muito boa. Eles são interessados. Não sabem uma porção de coisas. Mas sabem outras. A minha geração não se preparava para musicais no passado. Ela se preparava para atuar. Eu cantava e dava uma dançada meio roubada (risos). Eu não me preparei. E época não tinham escolas para diferentes gêneros, hoje em dia têm. Essa geração precisa buscar o único de cada um como artista. Compreende? As ferramentas eles têm.”

Fale um pouco desse visual…

“As tatuagens são do personagem. São duas. Eu demoro vinte minutos para colocar. Hoje em dia a tatuagem é feita de silicone. Dura em média uma semana. Estou de brinco também. Em casa o pessoal estranhou. Eu já tinha a orelha furada. O menor olhou o brinco e falou: ‘achei bem legal’. O cabelo dei uma mudada. O comprimento é todo meu. Coloquei um volume. Um tipo de aplique. Não sei como se chama (risos). Mas em breve a gente tira.”

O visual você se inspirou em quem?

“Me inspirei no Johnny Depp. Ele tem banda. Eu peguei um pouco dele. Comentam que eu estou parecido com o Chris Cornell (guitarrista). Achei parecido mesmo. Mas li algumas biografias e tudo mais.”

Por que você ficou longe das novelas? Foi uma opção sua?

“Foi uma opção minha, sim. Na hora que eu terminei ‘Belíssima’, eu entrei em uma crise pessoal mesmo. De trabalho em si. Eu percebi que eu não estava trabalhando contente. E, ai, eu negociei com a TV um tempo. Era uma época que eu queria me dedicar mais ao teatro. Que é de onde eu venho. Pra mim, meu rendimento estava ruim. Não estava bom. Fiz duas peças. Não demorou muito tempo e surgiram vários convites para fazer séries… Em cinco anos, eu tinha feito cinco novelas. Rolou uma novela, mas eu não fiz… Fiz ‘Tapas’ e segui o meu caminho. Fiz ‘Justiça’, agora essa novela e depois eu vou fazer ‘Zózimo’, série de Mauro Wilson sobre um detetive que se passará nos anos 1950. É isso. Eu aceitei participar dessa trama porque eu amei o enredo em si. Eu gosto de me desafiar. Eu não consegui tocar ao vivo a guitarra. Fiquei p*** da vida.”

O público cobrava o seu retorno?

“Cobrava muito. Durante o ‘Tapas e Beijos’, pararam um pouco de cobrar. As pessoas ficam muito intimas, né? Hoje em dia me cobram a volta do seriado (risos).”

O público dessa novela é teen. Você está preparado?

“A gente vai ser tio. Eu estava gravando com o Nicolas e uma menina pediu para tirar uma foto com ele: ‘tio, posso tirar uma foto com você?’. O Nicolas me olhou sem entender. Ai eu falei: ‘dessa menina você já é tio’. A gente já cresce tio de alguém. Não sei se eu estou preparado para o público adolescente. Nem um pouco preparado. Não sei o que vai ser. Eu tenho um público adolescente muito grande… Da época de ‘Tapas e Beijos’. Eu não faço ideia do que esse público vai achar de mim. Remete também a meu inicio na TV, eu não sabia como ia bater o meu trabalho. Eu fiz o meu melhor e deu certo. Se eu virar o tiozão roqueiro vou ficar bem feliz.”

O personagem de ‘Justiça’, considera como sendo um divisor de águas em sua carreira?

“Pode ser! Muita gente falou que eu estava em um tom diferente. Mas tem gente que não acompanhou o meu trabalho no cinema, no teatro. Mas, tudo bem também. São públicos diferentes. Pra minha carreira, hipótese alguma que aquilo é um divisor de águas. Estava realizando um tipo de linguagem que eu frequento desde o inicio de minha carreira. Para o público da TV, de fato aquilo é novo. De fato é surpreendente. Eu acho que me beneficiei disso. Fiquei muito feliz com o retorno do público e critica.”

Seu personagem é um roqueiro. Tem medo de cair no caricato?

“Não tenho, não. Isso não. Eu tenho uma pretensão de achar que eu domino essa regulagem. Eu saberia se tivesse caricato.”

Você está emendando um trabalho no outro. Tem medo em relação ao desgaste da imagem?

“Não, não. Eu não apareço em tudo que é canto. Fazer duas novelas seguidas é uma coisa que desgasta você muito mais do que estar em uma serie que foi exibida em um mês.”

Como você lida com as redes sociais?

“Eu não tenho nenhuma conta em nenhuma rede social. Não sou eu! Divulguem isso.”

Seu personagem tem um filho fora do casamento e se relaciona com uma fã. Você já se relacionou com uma fã?

“Se eu tenho um filho fora do relacionamento? Eu não tenho (risos). Não me relacionei com fã, não. Quando eu comecei a namorar com a Adriana Esteves, ela falou que era a minha fã. Não sei se isso conta (risos). Eu também era fã dela.”

Você começou para o grande público na novela ‘Porto dos Milagres’ em 2001. O que tem do Vladimir daquela época, que você não deixou morrer?

“Eu acho que o encanto pelo que eu faço. Mesmo! Eu posso ter tido momentos que isso não era tão evidente. De televisão, são quinze anos. Nesse período, eu já errei, eu já acertei, já me cansei. Mas, hoje, eu posso dizer que eu estou muito mais próximo daquele frescor, daquela vontade, daquele tesão mesmo do trabalho, que eu tinha, quando eu entrei no Projac pela primeira vez. Hoje, eu acho que eu tenho o mesmo encanto daquela época. Hoje em dia, eu entendo muito o que acontece por trás. Isso me alimenta bastante.”

Fonte: https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/entrevista/2016/10/vladimir-brichta-volta-as-novelas-com-personagem-explosivo-nao-sou-responsavel-pela-parte-do-humor

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